Brics no Brasil: Cúpula no Rio debate nova ordem global com foco em economia, clima e paz

Com Lula como anfitrião, líderes de 11 países discutem criação de sistema de pagamento próprio, governança da inteligência artificial e papel do bloco em um mundo em transformação.

Felipe dos Santos • Direto do Museu de Arte Moderna.
Edição: Carlos André • Redação do Portal Hora da Notícia
Publicação: 06/07/2025 • 13:00 • Atualização: 06/07/2025 • 13:47
Cobertura Completa da Cúpula dos BRICS pelo Portal Hora da Notícia 
Líderes posam para foto do encontro do Brics no Brasil — Foto: Reprodução/Gov BR

RIO DE JANEIRO (RJ) – Sob olhares atentos da comunidade internacional, teve início neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, a Cúpula de Líderes do Brics, que pela primeira vez ocorre em território brasileiro com a ampliação do grupo para 11 membros. O encontro é considerado estratégico em meio às transformações políticas, econômicas e ambientais que desafiam a atual ordem global.

A cerimônia de abertura, embora com mais de 30 minutos de atraso, contou com a presença de chefes de Estado e autoridades dos países-membros, que foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, os líderes posaram para a tradicional foto de família, símbolo do momento de coesão e cooperação entre as nações do bloco.

📌 ANÁLISE POLÍTICA E GEOPOLÍTICA — POR CARLOS ANDRÉ E FELIPE DOS SANTOS

A reunião do Brics deste ano, sob liderança brasileira, reflete a tentativa do Sul Global de se reposicionar no tabuleiro internacional. Em um contexto de guerras, instabilidade econômica e emergência climática, o bloco emerge como alternativa à hegemonia ocidental representada pelo G7 e por instituições como o FMI e o Banco Mundial.

O Brasil assumiu a presidência rotativa do Brics com seis prioridades claras:

  • ✅ Cooperação em saúde global
  • ✅ Comércio, investimento e finanças
  • ✅ Combate às mudanças climáticas
  • ✅ Governança da inteligência artificial
  • ✅ Arquitetura multilateral de paz e segurança
  • ✅ Desenvolvimento institucional do grupo

Essas frentes indicam uma ambição de fortalecer o bloco como um polo autônomo e influente na governança global, o que se alinha ao discurso de Lula em defesa de um mundo multipolar e menos dependente de Washington e Bruxelas.

🌍 SISTEMA PRÓPRIO DE PAGAMENTO: A OFENSIVA CONTRA O DÓLAR

Um dos temas mais sensíveis debatidos foi a criação de um sistema próprio de pagamentos, que já está em fase avançada de negociação, segundo nota oficial. A proposta representa uma resposta direta à supremacia do dólar nas transações internacionais, especialmente após o uso da moeda como ferramenta de sanção em conflitos recentes, como o da Ucrânia.

Para especialistas, um novo sistema entre os membros do Brics — que juntos representam mais de 40% da população mundial e uma parcela significativa do PIB global — poderia reconfigurar os fluxos financeiros internacionais. No entanto, a implementação esbarra em desafios técnicos e políticos, como a diferença entre as economias e a instabilidade cambial de alguns países do grupo.

🔬 IA E CLIMA: AS BANDEIRAS DO BRASIL

O governo brasileiro também quer liderar o debate climático e tecnológico, pautando a criação de uma governança internacional para a inteligência artificial e pressionando por mecanismos de financiamento climático em direção à COP30, que ocorrerá em Belém, no Pará, em 2026.

Para Lula, o protagonismo ambiental pode ser o diferencial do Brasil no bloco, principalmente em um momento em que a Amazônia volta a ocupar lugar de destaque nas discussões sobre desenvolvimento sustentável.

🗣️ AUSÊNCIAS E REPRESENTAÇÕES DIPLOMÁTICAS

Duas ausências foram sentidas: o presidente chinês, Xi Jinping, e o russo Vladimir Putin. Xi foi representado pelo premiê Li Qiang, enquanto Putin participou por videoconferência. Ambos enviaram comitivas de alto escalão, com destaque para o chanceler russo Sergey Lavrov.

A presença indireta desses líderes, embora diplomática, reflete o peso e a complexidade dos compromissos geopolíticos que envolvem China e Rússia, em um momento em que a tensão com os Estados Unidos e aliados segue em alta.

🌐 EXPANSÃO DO BRICS: NOVO MAPA DO PODER

O grupo, fundado em 2009 por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, cresceu em 2024 e passou a contar com 11 membros plenos e 10 países parceiros. A entrada de Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos ampliou o alcance político e energético do bloco, reforçando a aliança entre países emergentes do Oriente Médio, África e Ásia.

🔵 INTEGRANTES PLENOS

  • Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

⚪ NAÇÕES PARCEIRAS

  • Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.

A expansão é um movimento estratégico para aumentar a influência global do grupo, mas também coloca desafios diplomáticos e logísticos, já que os interesses são diversos — indo do petróleo ao desenvolvimento sustentável.

🔎 CONCLUSÃO: BRICS BUSCA SE CONSOLIDAR COMO ALTERNATIVA GLOBAL

A Cúpula do Brics 2025 no Rio de Janeiro marca um divisor de águas para o bloco, que tenta sair da retórica e apresentar ações concretas para enfrentar crises globais e oferecer caminhos alternativos à ordem ocidental.

Lula, como anfitrião, assume o papel de articulador entre potências diversas, e o Brasil ganha protagonismo em um cenário de disputas globais por liderança. Com economia, clima e segurança como pilares, o encontro reforça o compromisso dos países com um mundo mais equilibrado, multipolar e menos dependente de hegemonias históricas.

📸 A cobertura da Cúpula segue ao longo da semana no Portal Hora da Notícia, com análises exclusivas, bastidores diplomáticos e entrevistas especiais.

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