Dólar fecha abaixo de R$ 5 pela primeira vez em mais de um ano.

O dólar à vista caiu 1,12%, a R$ 4,9662 na venda. É a primeira vez que a cotação fica abaixo de R$ 5 desde 10 de junho de 2020




O dólar teve firme queda nesta terça-feira (22) e fechou abaixo da marca psicológica de R$ 5 pela primeira vez em mais de um ano, pressionado pela percepção de uma política monetária mais dura no Brasil e mais afrouxada nos Estados Unidos, combinação que pode atrair liquidez para o mercado doméstico.

O dólar à vista caiu 1,12%, a R$ 4,9662 na venda. É a primeira vez que a cotação fica abaixo de R$ 5 num fechamento desde 10 de junho do ano passado, quando terminou em R$ 4,9398.

A divisa brasileira esteve entre os melhores desempenhos globais nesta sessão, que contou ainda com fraqueza do dólar no exterior após declarações do chair do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell. O índice do dólar no exterior caía 0,2% no fim da tarde, depois de subir 0,3% mais cedo.

O dólar caiu aqui e no exterior à medida que o chair do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, destacou que a alta na inflação norte-americana é transitória. Com isso, Powell amenizou temores de que o Fed possa em breve reduzir estímulos e acalmou investidores ainda sob impacto da sinalização de alta de juros em 2023, um ano antes do previsto até então.

O dólar foi à mínima do dia (R$ 4,9633, queda de 1,18%) já perto do fechamento no mercado à vista. Na máxima da sessão, alcançada ainda pela manhã, marcou R$ 5,046, alta de 0,47%.

O índice do dólar frente a uma cesta de rivais no exterior cedia 0,2% no fim da tarde, revertendo alta de 0,31% registrada ainda na sessão europeia.

Mas, embora tenha ido às mínimas à tarde, o dólar no Brasil já vinha em movimento mais fraco do que no exterior. As operações domésticas foram influenciadas desde cedo pela indicação mais dura do Banco Central sobre a inflação, que veio acompanhada de sinalização de mais altas da Selic à frente, conforme a ata do Copom divulgada nesta terça.

Com o tom do texto do Copom, o Credit Suisse elevou a 1,00 ponto percentual a expectativa de alta dos juros em agosto, ante 0,75 ponto do cenário anterior. O banco vê Selic de 7,25% ao fim de 2021 e de 2022.

O Bank of America também elevou a estimativa para 7%, de 6,50%. O Banco Fibra aumentou de 6% para 6,5%, mas vislumbrando risco de o colegiado do BC conduzir a Selic a patamar contracionista ainda neste ano.

Juros mais altos no Brasil aumentam a taxa de retorno a investidores que aplicam em real seja via NDFs (contratos a termo de moeda), seja por compra de títulos de dívida.

Muitos analistas defendem que a trajetória descendente do real nos últimos anos decorreu em parte do corte expressivo da Selic, que deixou o Brasil com juro real negativo no meio de uma crise fiscal e econômica, o que teria colocado o país atrás de seus pares emergentes na atração de liquidez.

O Banco Fibra fala em uma "janela de oportunidade" para o real entre junho e agosto, após a qual o dólar ficaria em R$ 5,30 ao fim do ano.

O Société Générale também parece pouco convicto de que a queda do dólar continuará. Estrategistas do banco francês entraram com posição comprada em dólar quando a moeda tocou R$ 5,06 e miram taxa de R$ 5,70. O ponto de "stop-loss" (ou seja, no qual a posição é desfeita) é de R$ 4,75.

Além de dúvidas sobre a força da recuperação econômica local e o cenário político, além da China e da política monetária dos EUA, os profissionais do SG elencaram o rumo dos juros no Brasil como um risco.

"As ações agressivas do Banco Central provavelmente apoiarão o real, mas o mercado 'uberhawkish' (que aposta em juros muito mais altos) pode ficar incomodado pela extensão limitada dos aumentos reais das taxas", disseram em nota.

Fonte: Portal R7
Equipe Carlos André Jornalismo
Equipe Portal Olhar Mundial

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