Após se entregar ao lado da filha, Zinho está isolado em cela destinada a milicianos no Rio

A rendição começou a ser negociada há cerca de dez dias. Defesa pediu que o criminoso não seja transferido para fora do estado.

Rio de Janeiro - Carlos André e Victor Fernando.
25/12/2023 - 19:45.
Zinho se entregou à Polícia Federal. (Reprodução/ Record Rio).

Foragido desde 2018, o miliciano Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho, um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro, decidiu se entregar à Polícia Federal, por volta das 18h, na véspera de Natal, acompanhado de uma advogada e da filha, de 22 anos. 

A data não foi escolhida à toa. A negociação da discreta rendição começou há cerca de dez dias e buscou um momento que não chamasse a atenção da imprensa.

Foi a defesa do criminoso que procurou a Secretaria de Segurança Pública. Os advogados confiaram as tratativas ao secretário Victor Santos — que trabalhou por muitos anos na Polícia Federal.

De acordo com informações divulgadas pela Record, poucas pessoas sabiam da negociação. Em entrevista ao programa policial Balanço Geral RJ, da Record Rio, Santos disse considerar que o cerco ao miliciano levou à rendição.

Ao ser preso, Zinho foi ouvido informalmente. O criminoso passou pelo procedimento-padrão: esteve pelo IML (Instituto Médico-Legal) antes de dar entrada no sistema prisional, na penitenciária de Benfica, na zona norte da capital. 

Nas primeiras horas desta segunda-feira (25), Zinho foi encaminhado a Bangu 1, presídio de segurança máxima, em uma ação que mobilizou 50 agentes.

Ele foi isolado em uma cela de 6 m² em uma galeria destinada a milicianos. Por enquanto, sem direito a banho de sol.

Um dos pedidos da defesa dele é que o criminoso não seja transferido para um presídio fora do estado, para que possa ficar perto da família. 

A prisão de Zinho foi comemorada pelas autoridades, inclusive o governador Cláudio Castro, que se referiu ao criminoso como "o inimigo número 1 do estado".

Por que Zinho decidiu se entregar?

Zinho não estaria exercendo a liderança da maior milícia do Rio de Janeiro de forma presencial desde a morte do sobrinho dele, conhecido como Faustão, em outubro deste ano.

O chefe do grupo teria ficado a distância na articulação da organização criminosa para não se expor e não ser capturado.

Isso porque, após a morte de Faustão, foi ordenado o ataque a ônibus que destruiu mais de 30 coletivos — o maior já registrado na cidade — e parou a zona oeste da capital.

Com Zinho fora do estado, a organização criminosa enfraqueceu. Por medo de perder território e ser assassinado, ele teria se entregado, para responder pelos crimes de forma segura.

Zinho é acusado da morte de Jerominho

Zinho é acusado de chefiar a maior milícia do estado do Rio de Janeiro, que tem forte atuação na zona oeste da capital. Contra ele havia 12 mandados de prisão em aberto.

Entre as acusações está a morte de Jerominho, ex-vereador e fundador da milícia Liga da Justiça — que controlou regiões da zona oeste no início dos anos 2000.

Antes de assumir a liderança do grupo criminoso, Zinho era o responsável pelo braço financeiro da milícia e, segundo as investigações, comandava a lavagem de dinheiro do crime. 

Ele sucedeu aos irmãos, que morreram em ações policiais: Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko, em 2021, e Carlos Alexandre Braga, vulgo Carlinhos Três Pontes, em 2017.

Recentemente, o nome de Zinho voltou ao noticiário quando uma investigação da Polícia Federal mostrou uma ligação entre o grupo dele e a deputada estadual Lucinha.

A parlamentar seria chamada de "madrinha" pelos milicianos em trocas de mensagem e teria atuado com a sua assessoria para atender aos interesses da milícia.

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