HDN na História: A Tragédia de Ano-Novo – 15 Anos do Desastre em Angra dos Reis e São Luís do Paraitinga

15 anos depois, o Portal Hora da Notícia revisita a história com um quadro inédito.

HDN na História • Publicada em 06/01/2025 às 15:10 | por Carlos André.
O Portal Hora da Notícia irá revisitar um fato que marcou as histórias do Rio de Janeiro e de São Paulo. (Divulgação/ Portal Hora da Notícia).

No primeiro dia de 2010, o Brasil despertava com a notícia de uma tragédia que marcaria para sempre a história de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e São Luís do Paraitinga, em São Paulo. Chuvas torrenciais desencadearam deslizamentos de terra e enchentes devastadoras, ceifando vidas, destruindo lares e deixando cicatrizes profundas nos corações dos sobreviventes. Hoje, 15 anos depois, revisitamos os acontecimentos que transformaram aquele réveillon em um dos episódios mais tristes do país.

ANGRA DOS REIS: O MORRO DA CARIOCA E A ILHA GRANDE SOTERRADOS

A cidade de Angra dos Reis foi severamente atingida por deslizamentos de terra. No Morro da Carioca e na Ilha Grande, áreas habitadas e de grande apelo turístico, os desmoronamentos enterraram casas e pessoas. Ao todo, 53 vidas foram perdidas em meio à lama e aos escombros.

A força da natureza evidenciou a fragilidade da ocupação em encostas e a falta de planejamento urbano, problemas históricos da região. "Foi tudo muito rápido. Ouvi o barulho e, quando percebi, minha casa estava indo abaixo," relembra Dona Maria Aparecida, sobrevivente que perdeu quatro familiares.

A tragédia expôs ainda a necessidade de revisão das políticas de habitação em áreas de risco, algo que ainda desafia cidades de todo o Brasil.

SÃO LUÍS DO PARAITINGA: O PATRIMÔNIO AFOGADO

Enquanto Angra lamentava suas perdas humanas, a histórica cidade de São Luís do Paraitinga chorava pela destruição de seu patrimônio cultural. As chuvas fizeram o rio Paraitinga transbordar, inundando o centro histórico e causando o desabamento de edificações icônicas, como a Igreja Matriz de São Luís de Tolosa, uma joia do barroco brasileiro.

A força da água devastou ruas e praças, arrastando séculos de história. "Assistir a cidade que construímos com tanto amor ser levada pelas águas foi desesperador," recorda um morador da cidade.

Após a tragédia, a reconstrução da cidade tornou-se símbolo de resiliência. As ruínas foram restauradas ao longo de anos, mas o impacto emocional ainda ecoa.

LEGADO E REFLEXÕES

A tragédia de 2010 trouxe lições importantes, mas 15 anos depois, os desafios permanecem. Em Angra dos Reis, áreas de risco continuam ocupadas, e as famílias afetadas ainda lutam por assistência. Em São Luís do Paraitinga, o turismo e a cultura renasceram, mas a memória da destruição não se apagou.

Especialistas alertam para a urgência de políticas públicas que priorizem a segurança em áreas de risco, o planejamento urbano sustentável e a preservação do patrimônio histórico. "Não podemos esperar outra tragédia para agir," afirma o urbanista Renato Mendes.

HOMENAGENS E MEMÓRIA

Neste 15º aniversário, cerimônias foram realizadas em memória das vítimas. Em Angra dos Reis, cruzes foram colocadas no Morro da Carioca e na Ilha Grande. Já em São Luís do Paraitinga, uma missa na Igreja Matriz relembrada simbolicamente homenageou o esforço coletivo na reconstrução.

O desastre de 1º de janeiro de 2010 é um lembrete sombrio de que o Brasil ainda precisa avançar na proteção de suas cidades e cidadãos frente às forças da natureza. A esperança é que as lições desse episódio inspirem ações para evitar novas tragédias.

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