Especial Operação Compasso – 85 Anos Depois

A ofensiva que humilhou o exército italiano no deserto, abriu caminho para a Alemanha na África e mudou o ritmo da Segunda Guerra fora da Europa.

Por Rafael Monteiro, Paulo Gomes e Fabiana Machado, direto da Redação Internacional.
Publicada em 09/12/2025 às 15:00.
Especial de Fim de Ano >>> Operação Compasso: 85 Anos Depois.
Reportagem especial do Portal Hora da Notícia resgata um capítulo decisivo e importante da Segunda Guerra Mundial - Foto: Divulgação/ Portal Hora da Notícia

Em dezembro de 1940, enquanto a Europa ardia sob bombardeios e ocupações, um outro front começava a decidir o rumo da Segunda Guerra Mundial longe dos holofotes tradicionais: o Norte da África. Foi ali, em meio à areia, calor extremo e colunas de fumaça no horizonte, que nasceu a Operação Compasso, uma ofensiva britânica que virou o jogo, desmontou o exército italiano e forçou a Alemanha nazista a entrar de vez no conflito africano.

Agora, 85 anos depois, o Portal Hora da Notícia resgata esse capítulo pouco lembrado, mas absolutamente decisivo, como parte do Especial de Fim de Ano 2025, revisitando uma das viradas mais rápidas e humilhantes da história militar moderna.

A aposta errada de Mussolini

Em setembro de 1940, embriagado pelas vitórias alemãs na Europa, Benito Mussolini decidiu que era a hora de expandir seu império na África. A Itália invadiu o Egito, então controlado pelo Reino Unido. A propaganda vendia aquilo como um passeio militar. Na prática, foi um erro estratégico gigantesco.

Os italianos avançaram até Sidi Barrani, mas pararam ali. Faltava tudo: logística, combustível, comunicação eficiente, blindados modernos e, principalmente, coordenação. O exército estava espalhado em acampamentos fixos no meio do deserto, vulneráveis por todos os lados. Era um convite ao desastre.

De operação “limitada” a destruição em massa

A resposta britânica veio em 9 de dezembro de 1940. A Operação Compasso nasceu como um contra-ataque pequeno, quase experimental. A ordem inicial era apenas empurrar os italianos de volta. Só que o avanço virou avalanche.

Com menos soldados, mas com organização, mobilidade e inteligência de guerra, os britânicos passaram como faca quente na manteiga. As posições italianas foram cercadas uma a uma. O avanço era tão rápido que, em vários casos, os próprios soldados italianos se rendiam sem combate direto.

Em sequência:

  • Bardia caiu em janeiro de 1941

  • Tobruk foi conquistada logo depois

  • Benghazi caiu em fevereiro

Em menos de dois meses, a Itália perdeu tudo.

O saldo foi absurdo:

  • Mais de 130 mil soldados italianos feitos prisioneiros

  • Cerca de 400 tanques capturados

  • Milhares de veículos, canhões e depósitos de munição abandonados

  • Um exército inteiro simplesmente varrido do mapa

Aquilo não foi só derrota. Foi colapso total.

O efeito dominó que puxou a Alemanha para a África

A derrota italiana virou um problemão direto para Adolf Hitler. Se os britânicos dominassem o Norte da África, o Eixo ficaria ameaçado no Mediterrâneo e nas rotas de petróleo do Oriente Médio. A resposta da Alemanha foi imediata.

Em fevereiro de 1941, Hitler enviou reforços. Surgia o Afrika Korps, sob o comando do general Erwin Rommel, a famosa “Raposa do Deserto”. A partir desse momento, o conflito africano deixou de ser coadjuvante e passou a ser um dos palcos principais da guerra.

Ou seja: a Operação Compasso não só destruiu a presença italiana como mudou completamente o peso estratégico do Norte da África no conflito mundial.

O tombo do fascismo italiano

O impacto político foi devastador para Mussolini. A propaganda prometia glória imperial. Entregou vexame internacional. A Itália deixou de ser potência no Eixo e passou a depender totalmente da Alemanha até para se manter no jogo.

A imagem de império ruiu. O sonho do “novo Império Romano” virou pó junto com os tanques deixados no deserto.

85 anos depois: por que a Operação Compasso ainda importa

A Operação Compasso entrou para a história como:

  • Uma das derrotas mais rápidas e completas da guerra

  • Um exemplo clássico de que estratégia vence número

  • O verdadeiro início da Campanha do Norte da África

  • A base para batalhas decisivas como El Alamein

Ela também derruba a ideia de que a Segunda Guerra foi decidida só na Europa. Enquanto bombas caíam sobre Londres e Paris estava ocupada, o futuro da guerra já estava sendo redesenhado nas dunas africanas.

Hoje, 85 anos depois, não há trincheiras visíveis nem colunas de blindados no horizonte. Só restam os mapas, os números e a memória de um erro estratégico gigantesco que custou um exército inteiro.

A Operação Compasso provou, sem romantismo, que na guerra a arrogância cobra juros altos. E o pagamento vem rápido.

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