Mundial de Clubes: estádios vazios são protagonistas na 1ª rodada da fase de grupos
Fifa oferece ingressos com desconto e faz estratégias na transmissão para evitar a impressão de público escasso na TV.
Carlos André • Base Carioca do Portal Hora da Notícia
19/06/2025 • 12:35 • Atualizada às: 13:04
Cobertura Completa da Copa do Mundo de Clubes FIFA
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Estádios com capacidade para mais de 70 mil pessoas tem apenas 30 mil assentos ocupados – Foto: Reprodução/ X |
O novo Mundial de Clubes, promovido pela Fifa em formato inédito nos Estados Unidos, estreou com promessas de ser um dos grandes espetáculos do calendário internacional. Com a missão de substituir a antiga Copa das Confederações e de servir como teste de estrutura para a Copa do Mundo de 2026 e as Olimpíadas de 2028, o torneio teve um início frustrante em um aspecto essencial: a presença do público nas arquibancadas.
Durante a primeira rodada da fase de grupos, o que chamou atenção não foi a performance em campo, tampouco os craques das principais equipes, mas sim o número preocupantemente baixo de torcedores presentes nos estádios. Nem mesmo confrontos com times populares, como Chelsea e Los Angeles FC, conseguiram encher metade dos assentos.
A média atual é de cerca de 36 mil espectadores por jogo, número que isoladamente não soa tão ruim. No entanto, o impacto visual dos espaços vazios em arenas gigantes – como o Mercedes-Benz Stadium, com capacidade para 71 mil pessoas – gera uma imagem desoladora, especialmente na TV.
TÉCNICO DO CHELSEA CRITICA AMBIENTE VAZIO
O técnico Enzo Maresca, do Chelsea, não escondeu o desconforto com a atmosfera apática da estreia. Em coletiva após a partida contra o Los Angeles FC, lamentou os "50 mil assentos vazios" e disse que o clima “estranho” prejudicou a vibração do jogo. A expectativa do treinador é que o duelo contra o Flamengo, conhecido por sua torcida apaixonada, traga outra energia ao estádio.
FIFA TENTA REAGIR: CORTES NOS PREÇOS E TRUQUES DE TV
Para tentar reverter a imagem negativa, a Fifa lançou mão de algumas estratégias emergenciais:
- REORGANIZAÇÃO DO PÚBLICO PRESENTE: torcedores que adquiriram ingressos para setores menos nobres estão sendo realocados para áreas centrais, criando um “efeito visual” de maior ocupação nas transmissões;
- DESCONTOS AGRESSIVOS: ingressos inicialmente vendidos por U$S 349 (cerca de R$ 1.953) agora aparecem por até U$S 25 (R$ 137), com variações dinâmicas de preço conforme a procura;
- PROMOÇÕES RELÂMPAGO: como no caso de Atlético de Madrid x Botafogo, cujo tíquete caiu quase 50% no mesmo dia.
Apesar disso, alguns jogos seguem com preços elevados. O confronto entre Palmeiras e Inter Miami, por exemplo, tem entradas a partir de U$S 110 (R$ 603), impulsionado pelo apelo da torcida brasileira e o jogo em Miami, reduto de expatriados do Brasil.
A LIÇÃO DOS ASSENTOS VAZIOS
O que era para ser uma vitrine de excelência organizacional, acaba expondo um dos pontos fracos da tentativa da Fifa de consolidar o Mundial de Clubes como evento de elite. Os fatores são muitos: o elevado custo de vida nas cidades-sede, o menor apelo internacional de alguns clubes participantes, a falta de tradição da competição e até a cultura esportiva nos EUA, onde o futebol ainda disputa atenção com ligas locais mais populares.
Além disso, a decisão de realizar o torneio em um mês tradicionalmente voltado para férias escolares no hemisfério norte pode ter pesado. O torcedor médio, em tempos de inflação global, parece não estar disposto a investir altos valores para acompanhar partidas que, até agora, não empolgaram.
CONCLUSÃO: UM COMEÇO QUE ACENDE O ALERTA
A primeira fase do novo Mundial de Clubes deixa claro que há um descompasso entre o que a Fifa planejou e o engajamento real do público. Se o objetivo era transformar a competição em uma atração global de peso, será preciso mais do que ajustes de última hora.
A resposta pode estar nas próximas fases, quando os confrontos decisivos e a presença de clubes com torcidas mais engajadas — como Flamengo, Real Madrid e Palmeiras — poderão, enfim, dar ao torneio a grandiosidade que ele tanto busca.
Por ora, o principal adversário da Fifa não está dentro de campo, mas nas arquibancadas vazias.
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