Lembranças da TV Brasileira - 3º Episódio
Há exatos 16 anos, a TV Globo estreava a telenovela Sinhá Moça, protagonizada por Débora Falabella. E considerado um dos maiores sucessos televisivos do autor Benedito Ruy Barbosa.
Novela foi exibida originalmente entre 13 de março e 14 de outubro de 2006, em 185 capítulos. (Foto: Arquivo TV Globo/ Divulgação). |
Televisão | Por Carlos André Mamedes da Silva, do Portal Hora da Notícia.
13/03/2022 - 14:40.
Há exatos 16 anos, a TV Globo estreou a telenovela Sinhá Moça que tinha uma tarefa, um tanto quanto difícil, manter os índices de Alma Gêmea, até então, sucesso estrondoso de audiência. Após o sucesso de Cabocla, exibida pela emissora, o autor Benedito Ruy Barbosa recebeu o aval da Alta Cúpula da Família Marinho para escrever uma nova versão da novela.
A novela foi gravada com uma imagem, que parecia de cinema ou de TV de alta definição, foi editada com computação gráfica na pós-produção, para ganhar um efeito cinematográfico. Também foi a primeira novela da Rede Globo que utilizou o equipamento de edição High Definition, software capaz de deixar as imagens mais próximas das de cinema. Este fato, a princípio causou uma certa estranheza nos telespectadores.
As gravações da novela começaram em janeiro de 2006, nas cidades de Três Rios, em Campinas e Bananal, no interior paulista. Além das locações em fazendas coloniais em São Paulo e no Rio de Janeiro, também foi feita uma cidade cenográfica com 8.868m² na Central Globo de Produção, Projac (Atual Estúdios Globo), em Jacarepaguá. Até então, era a novela de mais investimento da emissora.
A telenovela protagonizada por Débora Falabella e Danton Mello estreou, em 13 de março de 2006 e marcou média de 36 pontos e 58% de participação (share), isto é, televisores sintonizados na novela da TV Globo. Seu último capítulo marcou média de 35 pontos, com pico de 39 pontos e 56% de participação. A novela teve média geral de 33 pontos, três pontos acima de média estipulada pela direção da emissora para o horário que, até então, era de 30 pontos. A trama esbarrou na exibição da Copa do Mundo de 2006, realizada na Alemanha e o horário político. Com esses ótimos índices, é considerada, até hoje, como um dos grandes sucessos de Benedito Ruy Barbosa.
Com nomes como: Oscar Magrini, Osmar Padro, Bruno Gagliasso, Ísis Valverde, Eriberto Leão, Vanessa Giácomo, a novela foi indicada ao Emmy Internacional 2006, na qual chegou a ser finalista e ao Seoul Drama Awards 2007.
A novela, também, já foi vendida para mais de 22 países. A novela foi reprisada no Vale à Pena Ver de Novo, uma vez só, em 2010, em 130 capítulos. A reprise estreou com uma média de 16 pontos. O seu recorde foi alcançado em 7 de setembro de 2010, quando atingiu 23 pontos de média, chegando aos 29 pontos de pico. No último capítulo, alcançou 17 pontos. Em sua reprise, marcou média geral de 15 pontos na Grande São Paulo.
Terceiro episódio do quadro Lembranças da TV Brasileira. Falando da telenovela Sinhá Moça, exibida em 2006 pela TV Globo. (Imagem: Divulgação/ Montagem HDN). |
Veja abaixo, na íntegra, o enredo da novela.
Monarquistas e republicanos se defrontam em Araruna, pequena cidade fictícia do interior de São Paulo, em 1886. A novela retrata a história de amor da bela e rica Sinhá Moça - filha do escravocrata, o Barão Ferreira de Araruna, e da doce e submissa Mãe Cândida - , com o jovem advogado abolicionista Dr. Rodolfo Fontes - filho de Dr. Fontes, e da dona de casa Inêz. Juntos, eles enfrentam as dificuldades na campanha para a abolição dos escravos.
A novela começa com Sinhá Moça aos dez anos de idade. Ela está junto de Rafael, um escravo mestiço de olhos verdes e seu grande amigo de infância. Eles testemunham a morte de um escravo idoso, chamado Pai José, bisavô de Rafael e avô de sua mãe Maria das Dores. Pai José é chicoteado no tronco pelo feitor Bruno, a mando do Barão de Araruna. Mesmo criança, Sinhá Moça já enfrenta o pai e, com a ajuda de Rafael, com doze anos, desamarram Pai José, que morre nos braços das duas crianças. Antes, o velho negro revela a Rafael que ele é filho do Barão Ferreira de Araruna. Essa revelação deixa o garoto abalado, pois ele já gosta de Sinhá Moça como homem. Por sorte, a menina não ouve essa conversa, sequer desconfia que ele é seu meio-irmão.
Rafael vai falar com a mãe, a escrava Maria das Dores, que pede que o filho guarde segredo; nem o Barão tem conhecimento de sua paternidade. O Barão Ferreira de Araruna acredita que Rafael é filho de seu primo-irmão Aristides, amante de Maria das Dores. A mucama se deitara com o Barão uma única vez e à força. Mesmo grávida, continuara a se deitar com Aristides, mas logo revelou a ele o que havia acontecido. Aristides, ciente de tudo, quis comprar Maria das Dores, mas seu primo-irmão, o Coronel Ferreira, não deixou que a negra fosse vendida. Durante alguns anos, Das Dores e Rafael continuam apanhando e sofrendo nas mãos dos feitores. Rafael, então, jura vingança contra o Barão. Anos depois, porém, Maria das Dores e seu filho são vendidos a um homem bom, que os leva para a cidade de São Paulo. Tempos depois, com a morte de Aristides, Maria das Dores irá herdar uma casa e um bom dinheiro, suficiente para comprar sua liberdade e a de seu filho Rafael.
Sinhá Moça chora muito com a despedida de Rafael e vai se consolar com Bá, uma escrava que a amamentou bebê, e que teve seu filho roubado pelo coronel assim que a criança nasceu, por pura maldade dele. Bá transferiu seu amor pelo filho roubado a ela, e a trata muito bem, e não guarda ódio do Coronel e o perdoou, e espera um dia reencontrar seu filho.
Nove anos se passam e chega o ano de 1886. Sinhá Moça é, agora, uma bela e culta donzela, que estuda no ensino secundário, a fim de se formar no curso normal, para dar aulas ao primário de Araruna. Ela mora num pensionato com as amigas há quatro anos, contra a vontade do pai, que achava que ela devia se casar cedo e ter muitos filhos homens para administrarem a fazenda. Sua mãe, porém, conseguiu se impor, acreditando na importância do estudo para a vida de uma mulher.
Assim que seus estudos terminam, Sinhá Moça volta a Araruna. Na viagem de trem, ela conhece Rodolfo, um rapaz interessante mas que também a aborrece, principalmente quando conversam sobre abolicionismo. Rodolfo disfarça suas ideias avançadas, por acreditar que a moça, filha de Barão, certamente deve ser monarquista e escravocrata. Ledo engano. Sinhá Moça também é abolicionista e critica as atitudes do pai, o Barão de Araruna.
Mesmo mentindo, Rodolfo consegue causar uma grande impressão em Sinhá Moça. Com o tempo, ela irá se apaixonar por ele e viverão um grande amor, sempre escondido do pai dela. Principalmente quando o Barão descobre que Rodolfo é abolicionista, e mentiu o tempo todo apenas para se aproximar de sua filha.
Sinhá Moça e Rodolfo, junto de outros defensores da liberdade, invadem senzalas à noite e libertam os negros, entregando-os às associações abolicionistas, que os orientam rumo à nova vida. Isso causa comentários na cidade de Araruna, perante os austeros fazendeiros, liderados pelo cruel Barão.
Do outro lado da história está Dimas (que na verdade é o menino Rafael, ex-escravo alforriado), que volta a Araruna, muito poderoso, querendo vingança, com sua obstinada luta para destruir o Barão.
Antes de ser vendido pelo Barão, Dimas/Rafael foi o grande companheiro de infância de Sinhá Moça. Depois de alforriado, assumiu o nome de Dimas, e se tornou o braço direito de Augusto, um jornalista íntegro e abolicionista convicto, que luta para difundir seus ideais através do jornal semanal A Voz de Araruna, tendo como principal opositor o Barão Ferreira de Araruna. Apaixonada por Dimas está Juliana, neta do jornalista. Juliana e ele viverão um grande amor, e ambos, juntos com Sinhá Moça e Rodolfo, moverão céus e terras para destruir o Barão e prender todos os donos de escravos. Fundam uma sociedade abolicionista, e ajudam escravos fugitivos.
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