TV Globo 60 Anos: Roque Santeiro, a novela de maior audiência do Brasil.
A novela de maior audiência do Brasil, foi exibida entre 1985 e 1986. Saiba mais!
Especial HDN: TV Globo 60 Anos - 01/06/2024 às 16:30
Publicada por Redação Especial do Portal Hora da Notícia.
Telenovela brasileira foi responsável pela maior audiência de telenovelas do Brasil. |
Após quase 40 anos, a telenovela Roque Santeiro, produzida e exibida pela TV Globo entre 1985 e 1986, continua sendo a telenovela brasileira de maior audiência e é tema da terceira reportagem especial da série que comemora os 60 anos da emissora carioca.
A Equipe Especial do HDN está retratando um pouco da história da maior emissora do país em audiência, em estrutura e em faturamento.
Veja agora, na íntegra, a história da novela Roque Santeiro.
Sátira à exploração política e comercial da fé popular, a novela marcou época apresentando uma cidade fictícia como um microcosmo do Brasil. A cidade é Asa Branca, onde os moradores vivem em função dos supostos milagres de Roque Santeiro (José Wilker), um coroinha e artesão de santos de barro que teria morrido como mártir ao defender a cidade do bandido Navalhada (Oswaldo Loureiro). O falso santo, porém, reaparece em carne e osso 17 anos depois, ameaçando o poder e a riqueza das autoridades locais. Entre os que se sentem ameaçados com a volta de Roque estão o conservador padre Hipólito (Paulo Gracindo), o prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura), o comerciante Zé das Medalhas (Armando Bógus) – principal explorador da imagem do santo – e o temido fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte), amante da pretensa viúva do santo, a fogosa Porcina (Regina Duarte). Incentivada por Sinhozinho, Porcina – que sequer conhecia Roque – espalhou a mentira de que havia se casado com o santeiro, e acabou se transformando em patrimônio da cidade. Quando conhece Roque, apaixona-se de fato por ele, formando com Sinhozinho e o santo o principal triângulo amoroso da trama.
Autoria: Dias Gomes | Coautoria: Aguinaldo Silva | Colaboração: Marcílio Moraes e Joaquim Assis | Supervisão: Daniel Filho | Direção: Paulo Ubiratan, Jayme Monjardim, Gonzaga Blota e Marcos Paulo | Direção-geral: Paulo Ubiratan | Período de exibição: 24/06/1985 – 22/02/1986 | Horário: 20h | Nº de capítulos: 209.
TRAMA PRINCIPAL
No dia em que o bando de Navalhada invadiu Asa Branca, Roque Santeiro (José Wilker) desapareceu, sendo dado como morto. Logo após o incidente, uma menina disse ter visto o rapaz em uma visão. A notícia se espalhou, e Roque foi santificado. Uma estátua em homenagem ao herói foi erguida em praça pública, e a população logo passou a lhe atribuir curas e milagres. A lenda de Roque Santeiro trouxe fama à cidade, atraiu romeiros e se tornou fonte de lucro e poder para várias personalidades locais. Mas, para o desespero deles, Roque Santeiro não está morto, e resolve voltar para Asa Branca.
TRAMAS PARALELAS
Um mistério desperta a curiosidade da população de Asa Branca: quem é o lobisomem que aparece nas noites de lua cheia e ataca as mulheres da cidade? O principal suspeito é o professor Astromar Junqueira (Rui Resende), por seu jeito misterioso e um tanto sombrio. No capítulo final, o telespectador descobre que o professor é realmente o lobisomem.
Florindo Abelha (Ary Fontoura) é o prefeito de Asa Branca, marido de Pombinha (Eloísa Mafalda) e pai de Mocinha (Lucinha Lins). Fraco, pusilânime, inteiramente dominado pela viúva Porcina (Regina Duarte) e por Sinhozinho Malta (Lima Duarte), que o elegeram. Dono da melhor barbearia da cidade, onde costuma despachar. Tem grandes ambições políticas.
CENOGRAFIA E ARTE
A cidade cenográfica de Roque Santeiro foi construída em Guaratiba, na zona oeste do Rio de Janeiro, aproveitando a vegetação local. Para dar vida à Asa Branca, o cenógrafo Mário Monteiro criou uma cidadezinha que fosse parecida com Juazeiro do Norte, no Ceará, Porto das Caixas, no Rio de Janeiro, e Aparecida, em São Paulo – cidades que vivem em função da religiosidade popular. Asa Branca se parecia com as três, mas tinha identidade própria. Em tempo recorde – 20 dias –, 180 homens construíram 26 prédios de madeira tratada, para obter maior durabilidade.
CURIOSIDADES
Roque Santeiro foi a primeira novela dos atores Maurício Mattar, Claudia Raia e Patrícia Pillar. Claudia Raia conta que, escalada para fazer um papel pequeno na trama – a dançarina e prostituta Ninon –, acabou ganhando notoriedade e sucesso com suas cenas na novela, tornando-se símbolo sexual.
CENSURA
Em 1975, Roque Santeiro teve uma versão proibida, protagonizada por Betty Faria (Porcina), Lima Duarte (Sinhozinho Malta) e Francisco Cuoco (Roque Santeiro). Já haviam sido gravados 30 capítulos da novela quando a Censura Federal percebeu que se tratava de uma adaptação do texto teatral, vetado anteriormente, O Berço do Herói, escrito por Dias Gomes em 1963. No dia da proibição, o locutor Cid Moreira leu no Jornal Nacional um editorial assinado pelo presidente da Rede Globo, Roberto Marinho, anunciando o veto. Em meio à comoção da equipe, a emissora teve apenas três meses para produzir outra novela. Para preencher o buraco na programação, foi exibida uma reprise compacta de Selva de Pedra (1972), de Janete Clair, posteriormente substituída por Pecado Capital (1975), da mesma autora. Para a realização desta novela, parte do elenco e dos cenários de Roque Santeiro foi aproveitada. Embora tenha sido produzida e gravada às pressas, Pecado Capital se tornou um marco da teledramaturgia brasileira.
A intervenção da Censura Federal, proibindo a exibição da primeira versão de Roque Santeiro, rendeu uma breve internação de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, em uma casa de saúde, com suspeita de infarto. O diretor Dennis Carvalho, que interpretaria o personagem Roberto Mathias na primeira versão de Roque Santeiro, lembra que, assim que a novela foi censurada, sugeriu a ida dos atores a Brasília como uma forma de protesto. A ideia era tentarem ser recebidos pelo presidente da República, Ernesto Geisel. A audiência com o presidente não aconteceu, mas a viagem do elenco rendeu cobertura da imprensa.
A versão de 1985 de Roque Santeiro era praticamente a mesma que havia sido censurada em 1975. Quase nenhum personagem novo foi introduzido, e a trama central da história se manteve idêntica, com poucas adaptações. Na nova versão, Asa Branca deixou de ser apenas uma cidade do interior da Bahia para representar uma mistura de várias regiões brasileiras.
CENAS MARCANTES
A empatia entre Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e Viúva Porcina (Regina Duarte), protagonistas de cenas memoráveis, conquistou o público. As hilárias brigas do casal, que vivia uma conturbada relação, faziam muito sucesso. Sinhozinho, para pedir perdão à amada, chegou a ficar de quatro e lamber a mão de sua “dona”, imitando um cachorro. Os ataques e as manias de Porcina também renderam cenas preciosas. Extravagante e cheia de si, ela vivia levantando os seios com as mãos e limpando os cantos da boca borrados pelo batom escandaloso. Exagerada, não conseguia chamar pela empregada (Ilva Niño) a não ser com o estridente grito: “Minaaaaaaaaaaaaaaa!”. Confusões amorosas movimentavam Asa Branca, conferindo um tom cômico à novela. Como a que ocorria durante um animado forró, no qual a Viúva Porcina contava com uma aliada de última hora para despistar Sinhozinho Malta (Lima Duarte).
REPRISES
Foi reprisada pela primeira vez na Sessão Aventura entre 1 de julho de 1991 a 20 de janeiro de 1992, às 17h, em 135 capítulos.
Foi reprisada pela segunda vez no Vale a Pena Ver de Novo entre 11 de dezembro de 2000 a 29 de junho de 2001, substituindo A Próxima Vítima e sendo substituída por Você Decide, em 145 capítulos.
Foi reprisada na íntegra pelo Canal Viva, entre 18 de julho de 2011 a 4 de maio de 2012, substituindo Vale Tudo e sendo substituída por Que Rei Sou Eu?, à 00h15.
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