A Eleição de Tancredo: O Brasil a um Passo da Redemocratização
Acompanhe a terceira reportagem da nossa série especial sobre o legado de Tancredo Neves.
Carlos André • Rio de Janeiro • 30/04/2025 • 21:00.
Tancredo Neves: O Legado de Um Homem do Estado.
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Série Especial continua a todo vapor no Portal Hora da Notícia. (Reprodução/ Portal Hora da Notícia). |
Dando sequência à série especial “Tancredo Neves: O Legado de um Homem de Estado”, publicada como parte das comemorações dos quatro anos do Portal Hora da Notícia, a reportagem de hoje destaca o momento decisivo da história brasileira: a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, em 15 de janeiro de 1985 — um marco simbólico e político da transição democrática.
O PALÁCIO DO PLANALTO EM DISPUTA: ARTICULAÇÃO NOS BASTIDORES
Após o fracasso da emenda das Diretas Já no Congresso, a oposição se reorganizou para disputar o Palácio do Planalto pelas regras do jogo político vigente: a eleição indireta pelo Colégio Eleitoral.
Tancredo Neves foi o nome escolhido para liderar a Aliança Democrática — uma união entre o PMDB e setores dissidentes do PDS, especialmente o grupo liderado por José Sarney. Essa aliança, costurada com maestria, uniu os que defendiam a redemocratização e os que desejavam uma transição segura.
Em entrevista ao Portal Hora da Notícia, o historiador Dr. Marcelo Tavares reforça:
"A candidatura de Tancredo foi construída com base na confiança mútua entre adversários históricos. Ele oferecia diálogo aos militares e esperança ao povo. Era um ponto de equilíbrio em uma ponte política delicadíssima."
15 DE JANEIRO DE 1985: A VITÓRIA DO BRASIL
Naquela terça-feira histórica, o Colégio Eleitoral se reuniu para eleger o novo presidente da República. A tensão era enorme. De um lado, a chapa Tancredo Neves/José Sarney representava a nova esperança. Do outro, Paulo Maluf, símbolo do regime militar, resistia como candidato oficial do PDS.
Com 480 votos a favor e apenas 180 contrários, Tancredo Neves foi eleito presidente da República. O Congresso, que por anos legitimou a ditadura, agora consagrava a esperança popular — ainda que de forma indireta.
Milhões de brasileiros comemoraram nas ruas. Mesmo sem o voto direto, a sensação era de vitória. Era como se o país, finalmente, estivesse virando a página do autoritarismo.
O jornalista Sérgio Magalhães relembra a emoção da cobertura:
"Foi impossível não se emocionar. Havia uma comoção genuína. As pessoas se abraçavam nas ruas, choravam. A vitória de Tancredo era a vitória da democracia."
A EXPECTATIVA DA POSSE E A MISSÃO DE RECONSTRUIR O PAÍS
Após a vitória, Tancredo começou a montar um governo de união nacional. Convidou ministros de diferentes correntes ideológicas, buscou nomes técnicos e prometeu reconstruir a confiança nas instituições.
Seu discurso era de pacificação, justiça social e valorização da política como instrumento nobre de transformação. Ele pretendia modernizar o Estado, abrir o diálogo com todos os setores e promover reformas estruturais — tudo isso sem revanchismo.
A posse estava marcada para 15 de março de 1985. O país aguardava ansioso. A democracia havia vencido — faltava apenas vê-la simbolicamente encarnada no novo presidente da República.
CONCLUSÃO: A ESPERANÇA QUE TOMAVA FORMA
A eleição de Tancredo Neves foi um dos episódios mais emocionantes da história republicana. Ele não era apenas um político experiente — era o rosto da esperança em um país cansado da repressão e sedento por liberdade.
Na próxima reportagem da série, veremos o momento mais dramático: o adoecimento súbito de Tancredo na véspera da posse e o impacto nacional daquele acontecimento que mudou os rumos da história do Brasil.
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