Carelli, diretor de A Fazenda: 'nunca a imprensa errou tanto sobre os próximos integrantes como agora'.
Diretor revela detalhes sobre a 14ª edição, explica a importância de manter segredo sobre integrantes e novidades até o confinamento e relembra histórias de realities conduzidos por ele na carreira.
Rodrigo Carelli dirige atualmente seis realities na RecordTV. (Divulgação/ Antônio Chahestian). |
Novidades da Record TV | Por Enzo Gabriel Silveira, do Portal Hora da Notícia, em São Paulo.
28/08/2022 - 14:30
A estreia da décima quarta edição de A Fazenda, da Record TV, está prevista para o próximo dia 13 de setembro. Para aquecer as turbinas, o R7 ENTREVISTA bateu um longo papo com o diretor da atração, o mineiro Rodrigo Carelli, o mais versátil condutor de realities da cena brasileira.
Mineiro de Belo Horizonte, 54 anos, 32 de carreira, Carelli tornou-se o pioneiro na direção da modalidade ao conduzir, entre 2001 e 2004, a Casa dos Artistas, no SBT, primeiro reality show a entrar no ar em uma televisão brasileira. Atualmente, é o responsável pela direção de seis projetos do tipo na Record TV: além de A Fazenda, conduz Power Couple, Canta Comigo, Top Chef Brasil, Canta Comigo Teen e Ilha Record. “Três de confinamento e três de competição. A Record TV é hoje uma emissora marcada por muitas coisas boas, e uma delas é a de ser, cada vez mais, a tevê brasileira dos realities”, resume ele.
Nesta conversa, Carelli detalha conceitos de trabalho importantes para o sucesso dessas empreitadas. Explica porque os segredos sobre os participantes e outros detalhes são mantidos até o último momento e lembra histórias saborosas vividas nas disputas e confinamentos. Digno de votação arrebatadora. Acompanhe:
A Fazenda 14 tem estreia prevista para 13 de setembro. Jornalistas e colunistas começam a divulgar nomes de participantes que, segundo eles, estariam fechados. A turma está quente ou fria?
Rodrigo Carelli – Ando conferindo o que a turma tem publicado sobre os integrantes. Pelo que tenho visto, jamais acertaram tão pouco. Um ou outro nome pode estar certo, mas há muito tiro n’água (risos).
Boa parte do público, jornalistas e formadores de opinião pensa que insistimos no sigilo por capricho, estratégia de divulgação, marketing ou charme. Nada disso. No fundo, é para que todos os envolvidos tenham o máximo de surpresa até onde for possível – e, na reta final, isso vale sobretudo para os participantesRODRIGO CARELLI
Você, seu time e a Record se esforçam para manter em sigilo o nome dos integrantes até o último momento. Por que tanto segredo?
Verdade: a gente reforça a cada ano a ideia e os métodos para manter segredo até o momento conveniente para o programa. O R7 ENTREVISTA me dá uma oportunidade de ouro para explicar esse ponto. Boa parte do público, jornalistas e formadores de opinião pensa que insistimos no sigilo por capricho, estratégia de divulgação, marketing ou charme. Nada disso. No fundo, é para que todos os envolvidos tenham o máximo de surpresa até onde for possível – e, na reta final, isso vale sobretudo para os participantes. A surpresa é importante para todos, do time ao público, passando por jornalistas, influencers, profissionais que acompanham a maratona e, claro, os participantes.
Por que?
Como estamos na décima quarta edição, os participantes que entrarão sabem como funciona boa parte das coisas. Assistiram todos os outros, guardam expectativa a respeito do que poderá acontecer. Precisamos surpreendê-los, e não apenas o público, para arrancar dos integrantes o melhor resultado possível. Muitos acham que evitamos antecipar as novidades de cada edição meramente por marketing, mas longe disso. Trata-se de um recurso em busca do bom funcionamento. A partir do momento em que eles estão fechados em algum lugar, antes de irem para o confinamento, a gente começa a revelar inovações e detalhes.
Adriane Galisteu comanda mais uma temporada de A Fazenda, sua segunda temporada na apresentação. (Divulgação/ Record TV). |
Pode adiantar ao menos as características de boa parte dos 20 integrantes?
Isso sim. De um tempo para cá vem aumentando de forma geral, em realities de todos os canais, dois tipos de participantes: os influencers, a maioria deles do universo digital, e os ex-integrantes de outros realities, normalmente mais específicos. Acho, por exemplo, que ex-participantes do reality De Férias com o Ex, de confinamento, costumam funcionar bem por aqui porque mostram uma faceta bem diferente, e mais abrangente, do que a exposta por lá. Muitos famosos hoje no Brasil são ex-integrantes de realities. A coisa está se realimentando.
Podemos, então, ter como certa a participação de influencers e integrantes de outros realities nesta edição?
Sim. E também de atores e personalidades com algum nível de conhecimento público, porque também é importante, um clássico dos grandes realities de confinamento.
Incluir pessoas às vezes nem tão conhecidas, ou até mesmo desconhecidas, mas com potencial de gerar fatos durante o confinamento, é uma das funções básicas e dos segredos de sucesso dos realities. Por um motivo elementar: muitos deles anônimos ou quase anônimos viram estrelas dentro do próprio reality. E, depois, os que criticaram por serem pouco conhecidos se deliciam com elesRODRIGO CARELLI
Muitos reclamam por não conhecerem quase todos ou mesmo todos os integrantes quando as listas são divulgadas.
Isso acontece em todos as emissoras, aqui e lá fora, mas no Brasil tem diminuído em quantidade e intensidade. É um equívoco primário, que os críticos desse ponto demoram a perceber. Incluir pessoas às vezes nem tão conhecidas, ou até mesmo desconhecidas, mas com potencial de gerar fatos durante o confinamento, é uma das funções básicas e dos segredos de sucesso dos realities. Por um motivo elementar: muitos deles anônimos ou quase anônimos viram estrelas dentro do próprio reality.
Exemplos.
Vou lembrar rapidamente de dois, entre os inúmeros que temos. O influenciador digital Rico Melquiades era o menos conhecido de A Fazenda 13. Pois bem: derrotou três concorrentes na final, com 77,47% dos votos. “O Calada vence” foi seu bordão durante toda a edição. Outro: poucos hoje se lembram que Juliette era pipoca e não camarote na edição do BBB em que ela venceu estrelas consolidadas bem antes, como Fiuk, Projota e Karol Conká. E aí a suprema parte dos que criticam os supostos desconhecidos depois se delicia com os Ricos e Juliettes da vida.
Como você se referiu a anônimos, ou quase, que se tornaram famosos em realities, conte-nos uma história ocorrida na primeira edição da Casa dos Artistas, dirigida por você em 2001 no SBT, que também ilustra com precisão este caso.
A história é ótima. A Patrícia Abravanel, filha do Silvio Santos, foi sequestrada em 20 de agosto de 2001. Em seguida, ele próprio também ficou em poder dos sequestradores em sua casa. Isso contribuiu para um atraso no fechamento dos contratos dos integrantes. Demorou, mas todos os convidados assinaram, com exceção de um: Suzana Alves, a Tiazinha, um sucesso estrondoso naquele momento. A propósito, o local em que trabalhávamos para o reality, com integrantes envolvidos, ficava ao lado da casa do Silvio onde ocorria o sequestro. Imagine nosso esforço para manter tudo em sigilo com aqueles batalhões de jornalistas, policiais e curiosos bem ao lado?
Momento de tensão na primeira temporada do reality Ilha Record, sob a direção de Rodrigo Carelli. (Record TV/ Divulgação). |
E aí?
A Suzana Alves segurou, segurou, segurou, até que, faltando apenas três dias para o início, assumiu o medo e desistiu. Era o primeiro reality a entrar no ar no país. Os que toparam foram heróis. Mergulharam no desconhecido. Bom, a missão era arrumar uma substituta de uma hora para a outra.
O que vocês fizeram?
Uma diretora do programa era muito amiga de uma menina bonita, dura de grana, que vivia na órbita da MTV, atriz de teatro independente, que fazia uns freelancers de chamada de vez em quando e jogava no time de futebol feminino da emissora. Essa diretora chegou em mim e disse: “olhe, no perfil que precisamos, quem me vem à mente é essa moça”. Falei: “vamos atrás dela para fechar”. Assim foi. Perceberam, claro, que a moça era Bárbara Paz, a vencedora, que depois virou atriz de cinema e de grandes emissoras, casou-se com o diretor Hector Babenco e tornou-se diretora de filmes. E isso num reality que tinha famosos como Supla, Alexandre Frota, Alessandra Iscatena, Nana Gouvêa, Núbia Óliver e Matheus Carrieri, entre outros.
Passamos por saias justas. Tivemos, por exemplo, a infeliz ideia de juntar, na mesma sala, as mães do Theo Becker e do Jonathan Haagensen, que estavam em guerra numa edição da Fazenda. Ficou aquele clima: uma reclamando do filho da outra. A do Jonathan estava muito brava, mas depois, felizmente, ficaram em pazRODRIGO CARELLI
Você testemunhou histórias curiosas na carreira. Lembre algumas.
Ah, passamos por saias justas (risos). Tivemos, por exemplo, a infeliz ideia de juntar, na mesma sala, as mães do Theo Becker e do Jonathan Haagensen, que estavam em guerra numa edição da Fazenda. Ficou aquele clima: uma reclamando do filho da outra. A do Jonathan estava muito brava, mas depois, felizmente, ficaram em paz. Em outra ocasião em que reunimos familiares, a mãe do Dado Dolabella, a atriz Pepita Rodriguez, reclamava demais porque os integrantes colocavam o filho o tempo todo na votação para sair da disputa. Dado acabou ganhando a edição de estreia com 83% dos votos, na final com a cantora Danni Carlos.
Conte mais.
Teve o episódio do Roy do Menudo, em que tivemos de montar uma operação especial para leva-lo à delegacia, pois havia uma ordem judicial de convocação porque ele não tinha depositado pensão de filho. E também o da Gretchen, que pediu para sair do reality durante uma festa. Tinha tomado umas a mais, levou um tombo, colocou um chumaço de grama no rosto, uma coisa.
E a história do então senador Eduardo Suplicy e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy na final entre Barbara Paz e Supla?
Pois é: essa é outra. Em outra ideia infeliz, colocamos os dois, que já estavam separados, escondidos numa despensa apertada da casa, junto com duas parentes da Barbara. A ideia era que os parentes do vencedor saíssem de surpresa após do anúncio para abraçar o campeão. Como a audiência estava alta, enrolamos por muito tempo até o desfecho. Quando veio o resultado, o senador e a ex-prefeita, após esperarem por horas naquele aperto, não puderam abraçar o filho como vencedor. Foi constrangedor (risos).
Teremos momentos de fortes emoções como esses em A Fazenda 14?
Não sei se pelos mesmos motivos – mas fortes emoções, certamente teremos.
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