Houthis, rebeldes aliados do Hamas, assumem ataque no centro de Israel

Grupo afirma que forçou mais de 2 milhões de israelenses a irem para abrigos. Ninguém ficou ferido.

Coluna Olhar Mundial • 15 de setembro de 2024.
Carlos André e Daniel Vicente • 13:25.
Policial israelense caminha perto de cratera formada após ataque dos houthis (Reprodução/ Agência Reuters).

Em apoio aos palestinos, os houthis, rebeldes aliados do Hamas no Iêmen, assumiram a autoria de um ataque de míssil ao centro de Israel na madrugada deste domingo (15). Ninguém ficou ferido.

➡️ Foi a primeira vez que um lançamento do grupo atingiu tão profundamente o espaço aéreo israelense — até então, só havia um registro de míssil em uma área aberta, perto do Porto de Eilat, no Mar Vermelho, em março.

"[O disparo] forçou mais de dois milhões de sionistas a correrem para abrigos pela primeira vez na história do nosso inimigo", disse, em comunicado, o porta-voz militar dos houthis.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os houthis pagarão um preço alto pelo ataque. Declarou também, em reunião com o gabinete do governo, que fará o possível para que os evacuados voltem às suas casas.

⭕Como foi o ataque? Sirenes dispararam às 6h35 do horário local, momentos antes de o míssil balístico hipersônico pousar. Ele viajou 2.040 km em 11 minutos e meio, afirma a agência de notícias Reuters.

Fumaça é vista no local do ataque do Iêmen ao centro de Israel (Reprodução/ Agência Reuters)

Quem são os Houthis?

A organização surgiu em 1990 para combater o governo do então presidente Ali Abdullah Saleh. Liderados por Houssein al Houthi, os primeiros integrantes do grupo eram do norte do Iêmen e faziam parte de uma minoria muçulmana xiita do país, os zaiditas.

Os houthis ganharam força ao longo dos anos, principalmente após a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003. Clamando frases como "Morte aos Estados Unidos", "Morte a Israel", "Maldição sobre os judeus" e "Vitória ao Islã", o grupo não demorou para se declarar parte do "eixo da resistência" liderado pelo Irã contra Israel e o Ocidente.

Houthis e Guerra do Iêmen: 10 anos de conflito

  • A guerra do Iêmen começou em 2014, quando os houthis saíram do norte do país e tomaram a capital, Sanaa, forçando o governo reconhecido internacionalmente a fugir para o sul e depois para o exílio.
  • A Arábia Saudita entrou na guerra em 2015, liderando uma coalizão militar com os Emirados Árabes Unidos e outras nações árabes. O grupo, apoiado pelos Estados Unidos, realizou uma campanha de bombardeios destrutivos e apoia as forças governamentais e as milícias no sul do território iemenita.
  • Com o passar do tempo, o conflito se tornou uma guerra indireta entre Arábia Saudita e Irã e seus respectivos apoiadores. Por exemplo, de acordo com um relatório publicado em janeiro de 2023, armas fornecidas pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos e usadas pela coalizão mataram dezenas de pessoas no conflito.
  • Há anos, nenhum dos lados obtém ganhos territoriais: enquanto os houthis mantêm seu controle sobre o norte, Sanaa, e grande parte do oeste densamente povoado, o governo e as milícias controlam o sul e o leste, incluindo as principais áreas centrais, onde estão a maior parte das reservas de petróleo iemenitas.
  • A guerra no Iêmen foi classificada pela ONU como o mais grave desastre humanitário da atualidade, com deslocamento interno de mais de 4,5 milhões de pessoas e 80% da população vivendo na pobreza. As mais afetadas são as crianças: cerca de 11 milhões delas vivem em situação desesperadora e precisam de ajuda, segundo as Nações Unidas.

Mar Vermelho e Israel: ataques começaram em novembro

Desde novembro de 2023, os houthis atacam navios que passam pelo Mar Vermelho em protesto à guerra de Israel contra o Hamas, um de seus aliados, na Faixa de Gaza. Em dezembro, por exemplo, uma embarcação norueguesa foi atingida por um míssil na costa do Iêmen.

O grupo prometeu continuar os ataques até que Israel interrompa o conflito.

De fato, as ofensivas não cessaram: em julho deste ano, um drone de longo alcance, fabricado no Irã, atingiu o centro de Tel Aviv em ataque reivindicado pelos houthis. Um homem morreu e outras dez pessoas ficaram feridas.

Um porta-voz do grupo afirmou que o ataque foi em "solidariedade aos palestinos".

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