TV Globo enfrenta sua pior fase com crise na grade de programação

Muitos jornalistas de mídia especializada dizem ser a maior crise de todos os tempos da Globo.

Reportagem Especial HDN • 25 de setembro de 2024.
Por Carlos André, repórter especial • 22:35
A Alta Cúpula da TV Globo procura estratégias para reverter a queda livre de sua grade de programação. (Divulgação/ TV Globo)

A TV Globo, considerada por muitos anos a principal emissora do Brasil, enfrenta atualmente um de seus períodos mais críticos. A instabilidade na grade de programação e a queda na audiência têm preocupado a alta cúpula da emissora, que tenta, sem sucesso, retomar o posto de líder absoluto no mercado. Entre mudanças em programas consolidados e a concorrência acirrada com serviços de streaming, a Globo vê sua hegemonia ameaçada como nunca antes.

Mudanças drásticas na programação

Nos últimos anos, a emissora tem sofrido para manter seus índices de audiência estáveis, especialmente no horário nobre, que sempre foi sua maior fortaleza. A novela das 21h, considerada por décadas o carro-chefe da TV Globo, não tem conseguido alcançar os números expressivos de outrora. Mesmo com investimentos em roteiros modernos e elencos estrelados, a audiência dessas produções têm caído drasticamente, obrigando a emissora a encurtar capítulos e mudar tramas no meio do caminho.

Programas como o Fantástico e o Domingão, que sempre registraram bons números, também têm enfrentado oscilações. No caso do Domingão com Huck, a troca de apresentadores, com a saída de Fausto Silva e a entrada de Luciano Huck, trouxe um impacto significativo. Apesar de esforços para inovar no formato, a atração ainda não conquistou a mesma popularidade e fidelidade de seu antecessor. Já o Fantástico enfrenta a concorrência de outros programas jornalísticos e a preferência do público por entretenimento leve nos finais de semana.

Concorrência acirrada e nova realidade do consumo de mídia

Um dos fatores determinantes para a queda na audiência da Globo é a mudança no comportamento do público. O avanço das plataformas de streaming, como Netflix, Prime Video e Disney+, transformou a forma como os brasileiros consomem conteúdo. Cada vez mais pessoas optam por assistir a séries e filmes sob demanda, dispensando a grade de programação fixa da TV aberta. Isso impacta diretamente no consumo ao vivo, onde a emissora tem perdido espaço, especialmente no público jovem.

Além disso, outros canais de TV aberta, como Record, SBT e Band, têm aproveitado essa crise da Globo para tentar fisgar parte de seu público. Programas de apelo popular e com forte conteúdo sensacionalista têm se mostrado eficientes em roubar audiência de horários tradicionalmente dominados pela líder de mercado.

Tentativas de recuperação

Para tentar reverter esse cenário, a TV Globo investiu em novos projetos e reforçou sua presença nas plataformas digitais com o Globoplay. Contudo, mesmo com a diversificação de conteúdos, ainda há uma clara dificuldade em equilibrar a migração do público da TV para o streaming e manter os índices altos em ambas as frentes.

A emissora também tem realizado uma série de mudanças em sua grade diária, testando novos formatos de programas e criando quadros interativos que tentam dialogar com o público das redes sociais. Um exemplo foi a reformulação do Encontro, que, com a saída de Fátima Bernardes, passou a ser comandado por Patrícia Poeta e Manoel Soares. No entanto, as críticas ao programa, tanto pela audiência quanto pela imprensa especializada, têm sido constantes.

Crise de identidade?

Além da mudança de hábitos dos telespectadores, críticos apontam que a TV Globo está passando por uma crise de identidade. A emissora sempre foi conhecida por ditar tendências no Brasil, seja na teledramaturgia, no jornalismo ou no entretenimento, mas parece não conseguir encontrar um caminho claro em um cenário de profundas transformações tecnológicas e culturais.

A falta de uma estratégia de longo prazo e a tentativa de agradar diferentes públicos ao mesmo tempo têm resultado em uma programação inconsistente, que não consegue manter a fidelidade da audiência. Há também uma perda de grandes talentos, tanto na dramaturgia quanto no jornalismo, com nomes de peso migrando para outras plataformas ou emissoras.

O futuro da TV Globo

Com uma trajetória marcada por sucessos e inovações, a TV Globo se encontra em uma encruzilhada. O desafio agora é conseguir se reinventar sem perder sua essência e reestabelecer a confiança dos telespectadores. Para especialistas, a emissora precisa se adaptar ainda mais rapidamente às novas realidades tecnológicas e às demandas do público, investindo em conteúdos inovadores e em formatos que dialoguem com as novas gerações.

A crise é evidente, mas a história da Globo mostra que ela é uma emissora que já superou diversos desafios ao longo das décadas. Resta saber se o tradicional canal conseguirá, mais uma vez, se reposicionar como líder em audiência e inovação no cenário midiático brasileiro.

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