TV brasileira completa 74 anos.

A fundação da Rede Tupi em 18 de setembro de 1950 marcou o início de uma história incrível da TV no Brasil.

Reportagem Especial HDN • 19 de setembro de 2024.

Carlos André, Juliana Santos e Henry Freitas • 20:50.

O Portal Hora da Notícia traz uma reportagem especial em comemoração aos 74 anos da primeira transmissão televisiva. (Divulgação/ Acervo Histórico da TV).

Rio de Janeiro – A televisão brasileira tem uma rica história de inovação, entretenimento e conexão com a realidade social do país. Desde sua criação em 1950, a TV se tornou parte fundamental da cultura brasileira, influenciando costumes, debates e até comportamentos. A seguir, exploramos com mais profundidade alguns dos aspectos mais marcantes da evolução da televisão no Brasil.

Os Primeiros Anos da TV Brasileira

A TV chegou ao Brasil pelas mãos de Assis Chateaubriand, um magnata das comunicações, que queria incluir o país no seleto grupo de nações com emissoras de televisão. No dia 18 de setembro de 1950, foi ao ar a PRF-3 TV Tupi, em São Paulo, com uma transmissão ao vivo. O programa inaugural contou com shows de variedades, discursos políticos e apresentações musicais. Apenas 200 aparelhos de TV estavam em funcionamento na capital paulista naquela época, e assistir televisão era um privilégio de poucos.

Evolução Técnica e Primeiras Produções

Nos primeiros anos, o Brasil ainda dependia muito da tecnologia importada. A programação era limitada e feita majoritariamente ao vivo, já que não existia tecnologia para gravação. No entanto, o país começou a inovar, criando teleteatros e programas como o primeiro telejornal, "Imagens do Dia", que trazia reportagens de eventos locais. Um dos gêneros que mais se desenvolveu foi a telenovela, iniciada com produções como "Sua Vida Me Pertence" (1951), a primeira novela brasileira, transmitida duas vezes por semana.

As emissoras pioneiras, como a TV Tupi, enfrentaram dificuldades financeiras, o que levou a um mercado incipiente. Isso começou a mudar na década de 60, com o surgimento da TV Globo em 1965, que, com uma visão empresarial mais profissionalizada, reorganizou o setor e trouxe uma qualidade superior na produção de conteúdo.

Telenovelas: A Ascensão e a Consolidação

Nos anos 70, as telenovelas consolidaram-se como o principal produto da televisão brasileira. Foi nesse período que surgiram produções que marcaram época, como "Beto Rockfeller" (1968), que trouxe uma narrativa mais próxima do público, e "Irmãos Coragem" (1970), uma das primeiras novelas a ser transmitida em cores. A novela "Roque Santeiro" (1985), por exemplo, foi um fenômeno cultural, alcançando audiências recordes e tornando-se referência de qualidade para o mundo todo.

Além das novelas, o Brasil foi pioneiro em formatos de programas de auditório, humorísticos e infantis. Chacrinha, com seu programa popular, e os infantis "Sítio do Picapau Amarelo" e "Vila Sésamo", se tornaram ícones na televisão brasileira.

A Era das Grandes Coberturas ao Vivo

Durante as décadas de 80 e 90, a televisão brasileira experimentou um crescimento massivo em audiência e inovação. As transmissões ao vivo de eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, ganharam cada vez mais espaço, consolidando-se como os principais eventos televisivos do país. A TV Globo, durante esse período, alcançou patamares nunca antes vistos de produção, não só em telenovelas, mas também em telejornais e shows de variedades.

O Jornal Nacional, inaugurado em 1969, tornou-se o principal telejornal do Brasil, trazendo uma nova estrutura jornalística, com notícias nacionais e internacionais, dando credibilidade e força à informação televisiva.

TV em Cores: A Grande Revolução Visual

A chegada da transmissão em cores, em 1972, foi outro marco histórico. A televisão colorida mudou a maneira como as novelas e programas eram produzidos e consumidos. As cores trouxeram um dinamismo inédito, ampliando o impacto emocional das produções. A transição para a TV em cores foi gradual, com algumas emissoras adaptando-se mais rapidamente que outras, mas o impacto foi significativo, impulsionando ainda mais a popularização da televisão no Brasil.

A Expansão dos Canais de TV

Além da TV Globo, outras emissoras ganharam destaque nas décadas seguintes, como a SBT (1981), fundada por Silvio Santos, que trouxe inovações no entretenimento, e a TV Bandeirantes (1967), com uma forte programação jornalística e esportiva. Na década de 90, a Rede Record se reestruturou e voltou a ganhar espaço no cenário televisivo, investindo em novelas e jornalismo. A chegada da Rede Manchete (1983), embora de curta duração, também marcou o período com a produção de novelas de grande impacto, como "Pantanal" (1990).

A Chegada da TV Digital

Em 2007, o Brasil começou a transição para a TV digital, com a promessa de melhorar a qualidade de som e imagem, além de oferecer interatividade. A TV digital trouxe uma revolução visual ao público, com resolução superior, cores mais vivas e sons cristalinos. A introdução de múltiplos canais digitais também proporcionou novas possibilidades para o mercado televisivo.

Ao mesmo tempo, a TV aberta teve que competir com o avanço da TV a cabo e, mais recentemente, das plataformas de streaming, como Netflix e Globoplay. Essa nova realidade desafia as emissoras tradicionais a repensarem suas formas de produzir e distribuir conteúdo.

Desafios e Futuro da TV Brasileira

Com 74 anos, a televisão brasileira enfrenta um de seus maiores desafios: a era da internet. O consumo de conteúdo está cada vez mais migrando para plataformas digitais e sob demanda, especialmente entre os jovens. Isso obrigou as emissoras a se reinventarem, apostando em conteúdos multiplataforma e streaming.

No entanto, a televisão aberta ainda se mantém relevante, especialmente durante grandes eventos ao vivo, como as transmissões esportivas, coberturas jornalísticas e as telenovelas, que continuam sendo grandes responsáveis pela união de milhões de brasileiros diante da TV.

Conclusão

Em seus 74 anos de história, a televisão brasileira se consolidou como um dos maiores símbolos culturais do país. Suas novelas, programas de auditório, telejornais e transmissões ao vivo moldaram o imaginário nacional e fazem parte da memória afetiva de gerações. Apesar das mudanças tecnológicas e dos novos hábitos de consumo de mídia, a TV aberta ainda continua sendo uma força poderosa na comunicação e no entretenimento no Brasil, evoluindo junto com o público e com as novas demandas da sociedade digital.