Quase um Século Depois: Chelsea volta a cruzar o caminho do Fluminense em duelo histórico pelo Mundial de Clubes
Em 1929, os Blues visitaram o Estádio das Laranjeiras para dois amistosos contra a Seleção Carioca, composta majoritariamente por atletas do Tricolor. Agora, 96 anos depois, as equipes se reencontram na semifinal do Mundial, em solo neutro, mas com um passado que se entrelaça no futebol global.
Carlos André • Redação do Portal Hora da Notícia RJ.
Publicação: 07/07/2025 • 13:00 • Atualização: 07/07/2025 • 13:39
Cobertura Completa da Copa do Mundo de Clubes FIFA
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Estádio Manoel Schwartz, nas Laranjeiras, já foi palco de duelo entre o Chelsea e a Seleção Carioca — Foto: Divulgação |
"Quase cem anos se passaram desde os amistosos em Laranjeiras. Agora, Chelsea e Fluminense fazem história em campo neutro, com um lugar na final do Mundial de Clubes em jogo."
A partida desta terça-feira (8), às 16h (horário de Brasília), marca o primeiro duelo oficial entre Fluminense e Chelsea, válido pela semifinal do Mundial de Clubes da FIFA 2025. Mas, para os que conhecem profundamente a história do futebol, esse confronto guarda um elo do passado que remonta ao longínquo ano de 1929. Um encontro curioso, quase esquecido, que ganhou destaque com a reedição moderna de uma rivalidade embrionária.
Naquela época, o Chelsea ainda engatinhava no cenário do futebol inglês. Fundado em 1905, o clube londrino vivia dias modestos, lutando para retornar à elite do futebol da Inglaterra após uma sequência de temporadas na segunda divisão. Durante uma excursão pela América do Sul, os Blues vieram ao Brasil, e o palco para os duelos foi o lendário Estádio das Laranjeiras, casa do Fluminense e da Seleção Brasileira nas suas primeiras décadas.
Os ingleses enfrentaram a chamada Seleção Carioca, formada majoritariamente por atletas do Fluminense, o que, na prática, representava o próprio Tricolor das Laranjeiras. Foram dois jogos:
- 28 DE JUNHO DE 1929: empate por 1 a 1, com destaque para o gol de empate marcado por Ripper, atacante do Fluminense.
- 30 DE JUNHO DE 1929: vitória dos cariocas por 2 a 1, impondo respeito aos visitantes europeus.
O time da Seleção Carioca contava com Joel (América), Hespanhol (Vasco), Hildegardo (América), Nascimento, Fernando e Fortes (todos do Fluminense), Ripper, Lagarto (Fluminense), Luiz e Nilo (Botafogo) e Theophilo (São Cristóvão).
Com exceção dos goleiros e alguns nomes isolados, o esqueleto da equipe era tricolor.
Enquanto isso, o Chelsea só voltaria à elite do Campeonato Inglês em 1930, um ano após aquela breve, mas simbólica passagem pelo Brasil.
DO PASSADO AO PRESENTE: CLUBES EM ESTÁGIOS DISTINTOS, MAS EM CONFRONTO DE IGUAIS
Hoje, o cenário é completamente diferente. O Fluminense chega ao Mundial como campeão da Libertadores de 2023, sob o comando de Fernando Diniz, com uma base experiente que mistura juventude e ídolos eternos como Marcelo, Felipe Melo, Ganso e André. A equipe carioca aposta no estilo de jogo ousado, de posse de bola e agressividade tática.
Já o Chelsea, mesmo longe dos tempos de glória como na era Mourinho ou nos títulos da Champions em 2012 e 2021, ainda é uma das marcas mais poderosas do futebol global. Sob nova direção técnica e com um elenco bilionário e jovem, os Blues tentam reencontrar o caminho das conquistas internacionais — e enxergam no Mundial uma oportunidade valiosa de retomar o prestígio.
Para o torcedor tricolor, o duelo traz à tona a memória e o orgulho de saber que já venceu o Chelsea um dia — ainda que em um contexto amistoso. Já para os ingleses, é o momento de escrever a primeira vitória oficial contra um clube brasileiro em semifinais de Mundial, algo que nem sempre aconteceu com facilidade.
ANÁLISE: O PESO DA HISTÓRIA E O VALOR SIMBÓLICO DO REENCONTRO
Como comunicador e apaixonado por futebol, não há como não se emocionar com o simbolismo deste reencontro. O Chelsea, ainda desconhecido em 1929, cruzou o oceano para enfrentar uma seleção carioca que nada mais era do que o embrião do futebol-arte. Agora, enfrenta o mesmo espírito, amadurecido e campeão continental.
O Fluminense, por sua vez, vive uma era de afirmação. Não apenas por conquistar sua primeira Libertadores, mas por mostrar ao mundo o valor da tradição, da formação de talentos e da resistência. Chegar ao Mundial já é histórico, mas vencer o Chelsea seria épico.
No futebol, o tempo nunca apaga as histórias: apenas as amadurece.
O QUE ESTÁ EM JOGO?
Além do peso simbólico, há um troféu real em disputa. Quem vencer estará na final do Mundial de Clubes da FIFA 2025, no próximo domingo (13), às 16h (de Brasília), em Nova Jersey, nos Estados Unidos. O adversário sairá do outro duelo da semifinal, entre o Paris Saint-Germain de Mbappé e o sempre poderoso Real Madrid.
De um lado, a força econômica e moderna da Premier League. Do outro, o romantismo e a alma de um clube que nasceu no berço do futebol brasileiro. De um lado, Londres. Do outro, o Rio de Janeiro. De 1929 a 2025, o futebol escreve mais um capítulo emocionante de sua epopeia universal.
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