Tóquio 2020 tem início como a Olimpíada da superação.

Cerimônia da abertura foi realizada sem a presença de público, por causa da pandeia, e homenageou a diversidade e a esperança.

Coreografia exaltaram o esporte como solução.

Do isolamento por causa da pandemia à união alimentada pelo esporte. Após o adiamento por um ano e vários meses de expectativas, a Olimpíada de Tóquio 2020 teve início nesta sexta-feira (23), às 8h (de Brasília), no estádio Olímpico, na capital do Japão, carregando o lema "Unidos pela emoção". E colocando o esporte, novamente, como um retrato de seu tempo.

De forma inédita, e ainda em meio à pandemia do novo coronavírus, as competições não terão a presença de público.

E a cerimônia de abertura, dentro desta linha, trouxe uma mensagem de esperança no futuro, em que esporte, cultura, tecnologia e a empatia serão instrumentos vitais para um mundo melhor, que ganhe a medalha de ouro na competição contra a desigualdade, o ódio, o preconceito, o desmatamento, as guerras e as pandemias.

Dança revela que o isolamento gerou descobertas.

Nas cenas iniciais, uma coreografia sensível, cheia de luzes em uma superífcie ampla, dançarinos representavam atletas, treinando isolados, ligados por um mesmo ideal de superação e de redescoberta de possibilidades.

Em seguida, um locutor e uma locutora, seguindo a norma de falar em francês e em inglês, com a presença do imperador Naruhito e do presidente do COI, Thomas Bach, aguardaram a chegada de uma comitiva de ex-atletas carregando a bandeira do Japão. Eles estavam acompanhados, ao fundo, pela imagem do Monte Fuji iluminado pelo sol.

Houve então um solene ato de um minuto de silêncio, em memória às mais de 4 milhões de pessoas que morreram por causa da covid-19 pelo mundo todo.

Logo depois, uma série de coreografias coloridas homenageou a tradição do Japão, de superação de outras adversidades, como incêndios e terremotos, com uma dança em referência aos bombeiros e a outras vítimas de desastres naturais.

Artistas consagrados criaram as coreografias.

Um dos protagonistas da performance foi interpretado pelo renomado dançarino Kazunori Kumagai. A cerimônia, aliás, foi idealizada por um elenco notável de profissionais da arte local. 

Ketleyn Quadros e Bruninho desfilaram pelo Brasil.

Na sequência, aros olímpicos foram trazidos para o palco, antes de o economista bengali Muhammad Yunus receber um destaque especial, com sua mensagem de direcionar a economia para o fim da pobreza, citando o esporte como um produtivo instrumento de autodescoberta e inclusão.

Nesta 32ª edição de Olimpíada na era Moderna, haverá a disputa em 33 modalidades, com a participação de mais de 11 mil atletas de 204 países, que, também pela primeira vez, ficarão praticamente restritos a trajetos específicos de suas atividades.

Bandeira do Japão foi hasteada.

Muitas delas foram reverenciadas com cenas históricas de conquistas, antes de delegações de atletas começarem a entrar no palco, dentro de um protocolo com máscaras e distanciamento, mas sem esconder a alegria que transbordava.

Os atletas foram entrando seguindo a ordem do alfabeto japonês, por isso o Brasil não foi um dos primeiros. A precaução em relação a uma possível quinta onda de covid-19, o número de atletas que desfilou foi de cerca de 1 mil, contra 12 mil em 2016. A primeira delegação a entrar com representantes foi a da Islândia.

Os atletas que representaram o Brasil foram a judoca Ketleyn Quadros, primeira medalhista olímpica brasileira em prova individual, e o levantador do vôlei, Bruno Rezende, campeão olímpico e duas vezes medalha de prata.

Na última semana, Ketleyn deu uma entrevista ao nosso parceiro, o Portal R7, citando a importância da persistência das mulheres no judô. Somente nos anos 70 elas tiveram o direito de disputar competições olímpicas.

"Me sinto privilegiada e muito feliz em fazer parte da história do judô feminino e tenho muito orgulho de todo o processo. Em especial de nossas guerreiras, que iniciaram e insistiram pelo espaço dentro da modalidade quando ainda era proibido. Essas mulheres plantaram a semente e eu segui este caminho", disse Ketleyn.

No estádio japonês, desfilou a diversidade. A Arábia Saudita, que nas últimas décadas teve um regime no qual as mulheres eram oprimidas, teve uma atleta como porta-bandeira. Pela Inglaterra, desfilou um atleta muçulmano. E pelos Estados Unidos, um descendente cubano.

Também a humildade e a reflexão marcaram o evento. A Coreia do Sul desfilou antes do Japão, como um pedido de desculpas japonês pela invasão e sofrimento coreano na Segunda Guerra Mundial.

No juramento olímpico, que precedeu a um vídeo exaltando a diversidade, os atletas prometeram seguir o espírito olímpico, jurando primar pela lealdade e justiça durante as competições.

Mesmo os protocolos não impediram de haver o congraçamento. Com atletas, voluntários, representantes no palco, o estádio ouviu a música "Imagine", de John Lennon, cantada em vídeo por artistas de todos os continentes, louvando a paz e a integração entre as pessoas.

No discurso da presidente do Comitê Olímpico japonês, Seiko Hashimoto, a defesa da igualdade foi o que predominou. E nas palavras proferidas pelo presidente do COI, Thomas Bach, a esperança foi o tema principal.

"Vamos valorizar esse momento, porque finalmente estamos aqui juntos", disse.

Numa mensagem de solidariedade e paz, ele deu boas-vindas à equipe de refugiados.

"Damos as boas-vindas a vocês de braços abertos e os ofereçemos um lar em paz. Nesta comunidade nós somos todos iguais, respeitamos as mesmas regras. As regras olímpicas nos fazem nos dar conta de que somos parte de algo maior do que nós mesmos".

Só restou ao imperador Naruhito declarar, então, abertos os Jogos Olímpicos de 2020.

Minutos após uma apresentação, uma chuva de origamis, como se fossem asas voando, ao som de "Wings to Flay", cantada por Susan Boyle, simbolizou o contraponto entre a fragilidade e a força individual das pessoas que sonham. A canção trouxe ainda mais emoção e leveza à cerimônia, marcada por criatividade e sensibilidade.

E, para realçar a tradição, japonesa, foi então realizada uma apresentação de Kabuki (teatro japonês), com acompanhamento de flauta, taiko (tambor) e piano, com cenas da chama olímpica atravessando o mundo. Até, trazida por ex-atletas, ela chegar ao estádio, ao som do Bolero de Ravel.

As máscaras não escondiam a satisfação dos que carregavam o luminoso objeto, impulsionados pelo ritmo empolgante do clássico bolero do compositor francês. Com simbolismo, a chama ia de tocha em tocha nas mãos de cada atleta. As tochas eram feitas de alumínio reciclável, tirado de habitações de pessoas que perderam as moradias.

Até que, no grande final, a pira olímpica foi acesa. Então, os holofotes se voltaram para Naomi Osaka, tenista japonesa e símbolo da diversidade, por ser filha de haitiano com uma japonesa.

Com a elegância que é uma de suas marcas, ela foi subindo as escadas. Concentrada, obstinada, orgulhosa de seus valores humanos, como nas grandes decisões. Na maior delas, Naomi roçou a tocha no amplo receptáculo. Acesa, a pira olímpica espalhou luzes pelo estádio. E se abriu como uma flor.

Protocolos de segurança

Por causa dos protocolos, não haverá a intensa interação física entre atletas na Vila Olímpica e com o público, nas competições.

Globo por drones foi formado no céu.

Mas, de qualquer maneira, a meta é que o evento entre para a história como um divisor de águas e um símbolo de superação do ser humano diante de adversidades como a pandemia.

Nunca, desde o retorno da Olimpíada, em 1896, a competição havia sido adiada. Em outras duas ocasiões, ela não ocorreu por causa da Primeira Guerra Mundial e da Segunda Guerra Mundial.

O Brasil terá número recorde de atletas inscritos em uma Olimpíada fora de seu território. A delegação brasileira terá 309 competidores (no Rio, foram 465) e busca superar o número de medalhas obtidas na Rio 2016, quando conquistou 19, sendo sete de ouro, seis de prata e seis de bronze e obteve uma inédita 12ª colocação, a melhor do País na história.

Em todas as Olimpíadas, o Brasil soma 129 medalhas, ocupando o 29º lugar.

Os Jogos de 2020 serão a segunda edição de uma Olimpíada de Verão no Japão. Em 1964, o país realizou sua primeira Olimpíada, com o objetivo se se reinserir no cenário internacional após a Segunda Guerra.



Bandeira Olímpica foi levada para a cerimônia de Juramento.

No Extremo Oriente, ainda foram realizados outros eventos olímpicos. O Japão já realizou outros dois Jogos de Inverno, em Sapporo, em 1972 e em Nagano, em 1998.

Nos países da região, já foram realizados também os Jogos de Pequim, em 2008, os Jogos de Inverno de 2018, em Pyeongchang, Coreia do Sul, e, em 2022, Pequim irá receber nova edição dos Jogos de Inverno.

A cerimônia em Tóquio entrou para a história por conseguir, com simplicidade e leveza, unir os povos em meio ao distanciamento social. Falar de futuro em meio à pandemia. Citar a música de John Lennon, que continua atual. "Você pode pensar que eu sou um sonhador. Mas não sou o único. Espero que um dia você se junte a nós. E o mundo será como se fosse um só". Esse, afinal, é o ideal do Esporte.

Fonte: Portal R7.
Equipe Blog Escritor e Jornalista Carlos André em Tóquio 2020.

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