Emmanuel Macron: a busca pela reeleição e a tentativa de ser o novo rosto da Europa.
Presidente francês disputa um novo mandato neste domingo (10) após assumir um papel de negociador do cessar-fogo na Ucrânia.
Presidente da França, Emmanuel Macron, em aparição pública. (Divulgação/ Arquivo Portal Hora da Notícia). |
Noticiário Internacional | Por Enzo Gabriel Silveira, do Portal Hora da Notícia.
10/04/2022 - 13:20.
O presidente da França, Emmanuel Macron, encara neste domingo (10) as eleições presidenciais em busca do segundo mandato. Favorito nas pesquisas, o atual mandatário francês tem como grande adversária Marine Le Pen, que o segue de perto nas intenções de voto.
Se dentro do país Macron busca legitimar seu poder com uma reeleição, para a União Europeia o político é o novo rosto da Europa. O professor de relações internacionais da Facamp (Faculdades de Campinas) James Onnig ressalta a sinergia entre o presidente francês e o bloco.
“A pauta política de Macron, com essa visão centrista, combina muito com a visão da União Europeia. Por isso mesmo quando ele assume o protagonismo, isso não é à toa”, conta Onnig ao R7.
O presidente da França aparece em um momento de renovação dos líderes políticos europeus, com a saída de Angela Merkel da chancelaria alemã após 16 anos e a ascensão de personagens populistas, como o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.
Esse protagonismo de Macron ficou escancarado com o intermédio das negociações entre os presidentes Vladimir Putin e Volodmir Zelenski sobre a guerra na Ucrânia.
“[Macron] pegou uma crise justamente quando Olaf Scholz estava assumindo o governo alemão. [...] Por mais que exista a maturidade política de Berlin, entregar essa negociação para quem está entrando no governo é uma batata muito quente.
Juventude e tradição
Aos 44 anos, Macron é considerado um político jovem para os padrões da França. Apesar da juventude, o presidente se mantém fiel aos pilares históricos da União Europeia.
“O Macron é um líder que apoia o crescimento e fortalecimento da União Europeia nos moldes de onde ela surgiu, nos anos de 1950, que é o comprometimento mutuo que vai promover a paz e o desenvolvimento do continente”, explica Onnig.
Diferente de Johnson, que foi colocado no cargo de primeiro-ministro para liderar o Brexit — a saída do Reino Unido da União Europeia —, Macron usa a projeção da política francesa para fortalecer os lanços entre os países do bloco econômico.
Apesar da Alemanha ser a força motriz econômica da Europa, a França tem ganho cada vez mais protagonismo político para grandes decisões que norteiam o continente.
"O que a gente pode definir é que o Macron, para o continente, representa um elemento de estabilidade para o padrão exigido pelo bloco, que é um padrão controlado por grandes corporações, bancos, empresas, que tem interesses econômicos densos dentro do bloco.”
Ucrânia não é fator determinante para reeleição de Macron
Apesar do presidente francês se colocar com um dos principais mediadores do conflito entre Rússia e Ucrânia, para Onnig são as questões internas que serão importantes para uma possível reeleição. Segundo o professor de relações internacionais, a classe média francesa aprovou o primeiro mandato de Macron.
“Para a classe média urbana francesa, que aspira liberalismo econômico, ele completou o seu ciclo nesse mandato de maneira positiva. Ele lidera a opinião pública”, destaca Onnig.
Se para alguns o governo de Macron pode ter sido positivo, para outros nem tanto. São os trabalhadores que mais sofreram durante os primeiros anos do político no comando da França. A expectativa é de que o número de vagas de trabalho no país e na Europa diminua, contribuindo para um maior descontentamento da população.
“Existe uma bolha prestes a explodir no mundo todo que é a questão salarial e do desemprego. Isso seria, como costumamos dizer, um calcanhar de Aquiles do Macron porque a França tem muitas indústrias, que contratam cada vez menos. E o setor de serviços não contrata no mesmo ritmo que as indústrias faziam”, conclui Onnig.
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