"Brasil é pedra e pode quebrar o vidro de favoritos"; veja análise sobre a seleção masculina de vôlei

Depois de ciclo instável, com mudança de técnico, comentaristas veem Brasil correndo por fora na briga por medalhas olímpicas em Paris.

Conexão Paris - 25 de julho de 2024.
Por Carlos André e Enzo Gabriel. - 16:30.
Seleção brasileira masculina de vôlei chega aos Jogos Olímpicos depois de ciclo instável. (Reprodução/ Arquivo Esportivo).

“Brasil é Brasil. Por meio de muito esforço e trabalho, conquistamos respeito”. A frase de Paula Pequeno, bicampeã olímpica e comentarista do Grupo Globo durante as Olimpíadas, resume bem a expectativa que cerca as seleções de vôlei antes de qualquer competição. E, nos Jogos de Paris, não é diferente. Mesmo depois de um ciclo instável, com mudança no comando técnico e uma campanha ruim na Liga das Nações (VNL) deste ano, a equipe masculina atrai a atenção de quem sempre espera algo a mais dos brasileiros.

No Grupo B de Paris, o Brasil estreará no próximo sábado (27), às 8h (de Brasília), contra a Itália. Ainda vai encarar Polônia e Egito, nessa ordem. O torneio masculino de vôlei terá três chaves com quatro equipes cada, e os dois melhores colocados avançarão às quartas de final, assim como os dois melhores terceiros. William Arjona, ex-levantador campeão olímpico em 2016 e comentarista do Grupo Globo, não vê a seleção brasileira como uma das principais candidatas ao pódio, mas entende que isso pode até ser positivo.

– O Brasil não entra como favorito. Tive essa experiência em 2016, e nos ajudou. Gosto de que não sejamos a vitrine. Hoje, o Brasil é a pedra e pode quebrar o vidro de muitos considerados favoritos. A seleção entra em um bolo de quem pode dar muito certo ou muito errado, e isso não tem a ver com a qualidade de jogadores, mas sim com o equilíbrio da competição. Corremos por fora em um campeonato em que seis, sete seleções têm chances de ganhar – avaliou, em contato com o Portal GE, do Grupo Globo.

A visão é a mesma de Paula Pequeno. A ex-jogadora ainda destacou pontos que podem ajudar o Brasil na campanha em Paris:

– Independentemente da fase pela qual esteja passando, com testes, mudanças, volta do Bernardinho, a seleção masculina é um time que tem muita qualidade. Não há tempo para ajustar todos os detalhes, mas alguns jogadores e o técnico têm experiência em torneios de grande porte (como as Olimpíadas).

A experiência citada por Paula se justifica. Bernardinho, que voltou ao comando do Brasil no fim de 2023, é dono de sete medalhas olímpicas – uma como atleta e seis como técnico. Nas últimas seis participações em Jogos, entre Atlanta 1996 e Rio 2016, ele esteve no pódio – duas vezes à frente da seleção feminina e quatro no posto de treinador da masculina.

Dos 13 jogadores chamados por Bernardinho para Paris, três foram campeões olímpicos há oito anos, no Rio de Janeiro: Bruninho, Lucarelli e Lucão. Mas a convocação da seleção brasileira também tem alguns jovens, que já fazem parte de um processo de renovação. São os casos de Darlan e Adriano, ambos com 22 anos, e Lukas Bergmann, de apenas 20.

Para William Arjona, a lista de Bernardinho ficou de acordo com o esperado:

– Ele foi bem coerente dentro da ideia de mesclar atletas experientes, com várias Olimpíadas nas costas, e a nova geração. Usou a VNL para testar peças e tirar dúvidas. A maior delas era entre Maurício Borges e Lukas Bergmann. Adriano já estava há mais tempo no ciclo, aparecia como um nome consolidado. O Lukas foi muito bem quando entrou e conquistou a vaga. O Honorato (13º jogador em Paris, que só poderá ser usado em caso de lesão) sempre fez o papel de coringa, podendo atuar como líbero ou ponteiro. Não teve nenhuma surpresa na convocação – disse o ex-levantador e comentarista, que ainda completou:

– Lukas e Darlan são protagonistas do Sesi, campeão da Superliga Masculina. Adriano foi vice do torneio. Eles já têm protagonismo em clubes e merecem a seleção. Tecnicamente estão preparados, no nível dos grandes do mundo e prontos para defenderem o Brasil em Olimpíadas.

Paula Pequeno apontou Bergmann como um dos possíveis protagonistas da campanha em Paris, mas lembrou que o Brasil costuma se sobressair especialmente na parte coletiva:

– Lukas surpreende pela maturidade. Tem potencial para ajudar muito, porque traz um voleibol de alto nível e é eficiente quando está em quadra. A essência das nossas equipes, no entanto, sempre foi o grupo. Espero que a seleção consiga jogar de forma coesa, desempenhar bem em conjunto.

Os principais adversários

Mesmo que o Brasil não desponte como favorito, aparece entre aqueles que podem beliscar medalhas nas Olimpíadas de Paris. Na visão de William, França, Itália, Polônia, Japão, Eslovênia e Estados Unidos são as outras seleções que compõem esse grupo. Duas delas vão cruzar o caminho brasileiro logo no início, já que italianos e poloneses serão os primeiros oponentes dos comandados de Bernardinho.

– Temos uma chave bastante competitiva. A Itália é a melhor equipe, desde que jogue com vontade. Vejo os italianos como adversários mais complicados da primeira fase. A Polônia tem um grande time, venceu nossa seleção nas quartas da VNL, mas o Brasil sabe jogar contra ela. Essa é uma partida aberta – analisou o comentarista.

O último compromisso na primeira fase das Olimpíadas será contra o Egito, seleção com a pior colocação (19ª) no ranking mundial entre as classificadas para Paris. O Brasil, por exemplo é sétimo, enquanto a Polônia lidera, e a Itália ocupa o terceiro lugar.

– O Brasil precisa fazer o dever de casa contra o Egito. Com respeito, tem que vencer por 3 a 0 e se classificar, no mínimo, como um dos melhores terceiros. O ideal é beliscar as seleções que estão acima no ranking de favoritismo e não bobear contra os egípcios – afirmou William.

Veja o calendário da seleção masculina do Brasil em Paris (horários de Brasília):

Sábado, 27 de julho: Itália x Brasil – 8h
Quarta, 31 de julho: Polônia x Brasil – 4h
Sexta, 2 de agosto: Brasil x Egito – 8h

Confira a divisão dos grupos masculinos nas Olimpíadas:

Grupo A: França, Eslovênia, Canadá e Sérvia
Grupo B: Polônia, Itália, Brasil e Egito
Grupo C: Japão, Estados Unidos, Argentina e Alemanha

*A final está marcada para o dia 10 de agosto (sábado), às 8h.

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