Tiro esportivo: regras, modalidades, história e curiosidades

Primeira medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas foi conquistada nessa modalidade.

Conexão Paris - 25 de julho de 2024.

Por Carlos André e Enzo Gabriel - 21:55.

O Portal Hora da Notícia segue com a cobertura especial dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. (Reprodução/ Portal Hora da Notícia).

Uma palavra como “tiro” dificilmente está nas manchetes sendo relacionada a um noticiário positivo, exceto nas Olimpíadas. O Tiro Esportivo é uma das modalidades mais tradicionais dos Jogos Olímpicos e nesse guia o ge vai te deixar por dentro de tudo desse esporte que deu as primeiras medalhas olímpicas do Brasil e até inspirou um anime!

Regras

O objetivo do tiro esportivo é, obviamente, o disparo do atleta acertar o alvo, mas há diferentes tipos de armas utilizadas, locais de disputa, tipo, mobilidade, tamanho e distância dos alvos e os modos, posições e quantidade de disparos. Nos Jogos Olímpicos, há três categorias de provas: com pistola, carabina e tiro ao prato.

A pistola é disparada se utilizando somente uma das mãos.

A carabina é disparada se utilizando as duas mãos, devido ao seu longo comprimento. Possui modalidades de disparo em pé, joelhos e deitado.

As provas de tiro ao prato são disputadas com espingardas, ao ar livre, em alvos em formato de discos disparados de dispositivos automáticos.

Modalidades

Dentro dessas três categorias há, nas Olimpíadas, 15 modalidades de provas a serem disputadas. Dessas, são seis para o masculino, seis para o feminino e três disputas em equipes mistas:

Pistola de Ar masculino e feminino: o atirador deve estar a distância de 10 metros do alvo, que é estático. O alvo possui 15,5 cm de diâmetro e seu centro 11,5 mm. Quanto mais próximo o disparo estiver do centro, mais pontos conquista. As diferenças entre as modalidades masculina e feminina estão no tempo e nos disparos: 40 em 1h15 no feminino e 60 em 1h45 no masculino. Se utiliza uma pistola de ar comprimido.

Pistola de Ar 10 metros equipe mista: 30 disparos para cada membro da equipe. A equipe com maior pontuação conjunta vence.

Pistola 25 metros feminino: exclusivamente disputada pelas mulheres, nessa modalidade, como o próprio nome já diz, a atleta fica a 25 metros do alvo. São 30 disparos de precisão em alvos com o centro de cinco centímetros e 30 de velocidade em alvos com o centro de 10 cm. Na final, quatro séries de cinco disparos de velocidade. Pode-se utilizar um pistole oito milímetros ou um revólver long rifle calibre 22.

Pistola de Tiro Rápido masculino: exclusiva para os homens, o alvo fica a 25 metros do esportista. São 5 alvos de 50 cm, com seis séries de um disparo para cada alvo. A cada duas séries, o tempo inicial de 8 segundos vai diminuindo dois segundos. Se utiliza uma pistola calibre 22.

Carabina de Ar masculino e feminino: o atirador deve estar em pé a uma distância de 10 metros do alvo, que possui 4,5 cm de diâmetro e um centro de 0,5 mm. Se utiliza uma carabina de ar comprimido calibre 4,5 mm.

Carabina de Ar equipes mistas: 30 disparos para cada membro, a dupla com maior número de pontos em conjunto vence.

Carabina três posições masculino e feminino: o atirador deve estar a uma distância de 50 metros do alvo, que possui 15,44 cm de diâmetro e um centro de 10,4 mm. No masculino são 40 disparos para cada posição (em pé, de joelhos e deitado de bruços), no feminino 20 para cada. Na final, 10 disparos em pé para cada competidor. Se utiliza umaa carabina livre long rifle calibre 22.

Fossa Olímpica masculino e feminino: disputa dentro da categoria de Tiro ao Prato, nessa categoria o atirador tem direito a dois tiros em cinco posições diferentes e tem que acertar um prato de argila de 11 cm que é arremessado em trajetória desconhecida. São cinco séries de 25 pratos no masculino e três séries com o mesmo número de pratos no feminino. Se utiliza um fuzil com calibre até 12, no máximo.

Fossa Olímpica equipe mista: três séries de 25 pratos para cada, a dupla com maior número de pontos vence.

Skeet masculino e feminino: o atirador tem oito posições diferentes para acertar o máximo possível de pratos que podem vir do alto ou de baixo, de forma separada ou ao mesmo tempo durante a prova em trajetória conhecida, com um disparo por prato. São cinco séries de 25 pratos no masculino e três séries no feminino.

Disputas territoriais e resolução violenta de conflitos foi o que promoveu a criação e desenvolvimento das armas de fogo ao passar da história. Ainda produzida de forma improvisada com pedaços de bambu, as primeiras armas de fogo provavelmente foram criadas logo após a invenção da pólvora, na China, durante o século IX. Os anos seguintes viram o desenvolvimento da tecnologia armamentícia e por volta do século XV as primeiras armas de fogo individuais foram criadas.

As origens do Tiro Esportivo estão ligadas às competições de tiro ao alvo realizadas nas cortes europeias no século XV e às disputas de caça ao Peru realizadas por colonizadores alemães nos recém descobertos Estados Unidos no século XVII. A popularização dos clubes de tiro no século XIX contribuiu para o crescimento do tiro esportivo, tanto é que o principal idealizador das Olimpíadas da Era Moderna, Pierre de Frédy - o Barão de Coubertin, era um entusiasta das disputas de tiro desde a juventude.

E muito por conta de sua influência, o tiro esportivo esteve presente na primeira Olimpíada, em 1896 em Atenas, Grécia. Nessa primeira edição, 61 participantes, todos homens, de sete países diferentes, concorreram em cinco modalidades distintas. Os donos da casa dominaram as disputas com nove medalhas, sendo três de ouro.

Desde então, o Tiro Esportivo só ficou de fora de dois Jogos Olímpicos: em Saint Louis 1904 e Amsterdã 1928, fazendo parte do programa de todas as outras 27 Olimpíadas. Durante boa parte dessa trajetória, o tiro esportivo olímpico era exclusivo aos homens.

Somente em 1968, nos Jogos do Novo México, mulheres puderam participar nas competições. Porém, inicialmente, não existia uma modalidade feminina à parte e sim competições abertas à participação das moças. As disputas exclusivas às mulheres só estrearam em Los Angeles 1984.

A história olímpica do Brasil também está intimamente ligada ao tiro esportivo: as primeiras medalhas brasileiras na história dos Jogos foram em modalidades do esporte, nas Olimpíadas da Antuérpia em 1920: Afrânio da Costa conquistou a primeira medalha brasileira, a prata, na pistola livre calibre 22, em 2 de agosto. No dia seguinte, Guilherme Paraense conquistou o primeiro ouro tupiniquim, no revólver calibre 38. Os brasileiros ainda levaram para casa um bronze na disputa por equipes da pistola livre 50 metros. 96 anos depois, o Brasil voltou ao pódio do esporte com a prata de Felipe Wu na pistola de ar 10 metros, no Rio 2016.

Curiosidades

• A China foi a grande vencedora das competições de tiro esportivo em Tóquio 2020, com 11 medalhas, quatro de ouro

• Os Estados Unidos são o país com o maior número de medalhas no Tiro Esportivo nas Olimpíadas, com 116 medalhas - sendo 57 dessas de ouro.

• O número de modalidades do esporte nas Olimpíadas variaram bastante durante a história, chegando ao máximo de 21 na Antuérpia 1920 e o mínimo de dois nos jogos de 1932 em Los Angeles. Desde os jogos de Pequim em 2008, o número tem se mantido em 15.

• A modalidade de tiro ao pombo chegou a ser disputada nos Jogos de Paris 1900, com cerca de 300 animais sendo abatidos. A rejeição do público fez o uso de animais reais ser banido, com a competição utilizando pombos de argila em outras edições.

• Outra modalidade abandonada foi o duelo com pistolas, em que os competidores atiravam em manequins, só durou duas Olimpíadas: Atenas 1906 e Estocolmo 1912.

• A primeira medalha feminina da história do Tiro Esportivo foi em Montreal 1976. A americana Margaret Murdock levou a prata na modalidade carabina três posições 50 metros. Como ainda não havia disputas exclusivas às mulheres, Margaret disputou contra homens. Ela havia tido um empate técnico com seu compatriota Lanny Bassham, mas caiu para o segundo lugar após revisão dos juízes. Bassham, então, a chamou para dividir o primeiro lugar no pódio na cerimônia de premiação.

• Em Tóquio 2020, foram instauradas as primeiras competições mistas da história do tiro esportivo nas Olimpíadas.

• A primeira medalha brasileira no tiro esportivo está guardada no museu do Fluminense, como era o desejo de seu ganhador, Afrânio da Costa, tricolor apaixonado.

• O Brasil terá três representantes do tiro esportivo em Paris 2024: Philipe Chateaubriand (pistola 10 metros), Georgia Furquim (skeet) e Geovana Meyer (carabina três posições 50 metros)

• Um anime de 12 episódios chamado "Rifle is Beautiful", com o tiro esportivo como pano de fundo foi lançado em 2019. Na trama, uma aluna do ensino médio chamada Hikari Kokura tenta convencer três colegas a praticar o esporte, com intuito de fazer o clube de tiro esportivo voltar à atividade.