Paris 2024: Rafaela Silva é desclassificada e fica sem medalha
Brasileira é eliminada nas semifinais por sul-coreana no Golden Score e é desclassificada por técnica ilegal na disputa do bronze.
Conexão Paris - por Carlos André e Lorenzo Martínez-Pierre.
Publicado em 29 de julho de 2024 às 14:15.
Após perder a medalha de bronze, Rafaela Silva chora e leva ao mão ao rosto. (Reprodução/ Portal Hora da Notícia). |
Rafaela Silva é uma vencedora só de ter chegado às Olimpíadas de Paris 2024. Cria da comunidade da Rocinha, a judoca brasileira precisou superar inúmeros obstáculos, como o racismo e uma suspensão de dois anos por doping, para voltar ao tatame olímpico onde foi medalha de ouro na Rio 2016. Nesta segunda-feira, a peso-leve (até 57kg) carioca estava com jeito de medalhista nas fases preliminares, mas infelizmente sofreu duas derrotas consecutivas, na semifinal contra a sul-coreana Mimi Huh e na disputa do bronze contra a japonesa Haruka Funakubo, e ficou fora do pódio na Arena do Campo de Marte.
As derrotas tiveram uma sensação de déja vù. Na semifinal, foi a quinta derrota consecutiva de Rafa contra a sul-coreana Mimi Huh, e na disputa do bronze, a brasileira foi desclassificada por uma técnica ilegal, assim como aconteceu em sua primeira participação olímpica, em Londres 2012.
- É muito difícil, o pessoal que acompanha na França realmente aprecia o judô. Mas eu queria a medalha, trabalhei muito. Queria estar dando outra entrevista aqui. Peço desculpas, porque hoje não consegui. A gente se conhece muito, eu estou nesta categoria desde 2008 e já enfrentei muitas vezes essas adversárias. Hoje a diferença foi no detalhe e, no meu detalhe, acabei falhando e fiquei sem a medalha - desabafou a brasileira, emocionada, após a derrota na disputa do bronze.
A luta do bronze
Rafaela entrou no tatame empolgada e focada para buscar o bronze. Ela foi para cima assim que recebeu o comando do árbitro de início do combate. A brasileira quase encaixou um uchi-mata logo no começo. Buscou uma projeção para chegar na finalização, sem sucesso. Rafaela recebeu um shido (punição) na sequência, mas a japonesa também foi punida por falta de combatividade pouco depois. A carioca buscava a luta, chegava perto de encaixar golpes e transição, mas Funakubo se defendia bem.
O combate foi para o Golden Score. A disputa era tensa, com muita briga pela pegada. Rafaela tomou nova punição por falta de combatividade e se viu pressionada. Ainda assim, tinha dificuldades para obter a manga e projetar a japonesa. Após tentar derrubar, a brasileira quase foi pega numa chave de braço. Rafaela arriscou um uchi-mata, sem sucesso, e Funakubo buscou a transição. A carioca se defendeu e demorou a se levantar, aparentemente com dores nos olhos. Após uma longa interrupção, Rafa foi pra cima, mas não conseguia derrubar.
Com 4min26s, veio uma punição para a japonesa por movimento ilegal. A próxima punição poderia definir a luta para qualquer um dos lados. E ela veio para Rafaela. Ao tentar uma projeção, a brasileira mergulhou a cabeça no tatame, o que é proibido. Após revisão de vídeo, foi confirmada a técnica ilegal e Rafaela foi desclassificada.
Na semifinal, Rafaela Silva perdeu um jogo tenso contra a sul-coreana Mimi Huh, atual campeã mundial. Ela quase sofreu um waza-ari logo no início, mas o árbitro voltou atrás na pontuação após revisão em vídeo. A partir daí, a disputa se resumiu a entradas de queda de Huh, defesas da brasileira e tentativas frustradas de encaixar uma finalização.
O confronto foi para o Golden Score, onde Rafa se viu pressionada ao receber seu segundo shido (punição) por falta de combatividade. A carioca quase conseguiu uma projeção, mas Huh defendeu por pouco. Logo depois, foi a sul-coreana quem encaixou uma imobilização. Ela segurou por 10 segundos, conseguiu o waza-ari e garantiu a vaga na final. Foi sua quinta vitória em cinco confrontos com a brasileira.
Antes da semifinal, Rafaela Silva fez bonito nas preliminares. Venceu a turcomena Maysa Pardeyva por ippon nas oitavas, com chave de braço, e a georgiana Eteri Liparteliani por ippon automático nas quartas, com menos de dois minutos de luta.
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